Os dois vereadores do PSD e a vereadora do PS, Margarida Guedes, aliaram-se para retirar as competências ao presidente do Município de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, que lhe tinham sido delegadas pela Câmara.
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Dessa forma, conseguiram passar a ter acesso a assuntos que não eram levados a reunião de Câmara, e dos quais só tinham conhecimento na rua ou na reunião de Assembleia Municipal (AM), acusam.
Gota de água
A gota de água deu-se na última reunião da Assembleia Municipal, em que foi apresentado um projeto de requalificação na antiga C+S de Pedrógão Grande, que Valdemar Alves pretende transformar no edifício da Autarquia, mas sem que os vereadores tivessem conhecimento. "Acho uma afronta não nos ter dito nada", comenta Margarida Guedes, a quem o autarca retirou a vice-presidência e os pelouros.
Margarida Guedes garante, contudo, que não se aliou ao PSD por "retaliação", mas sim para ficarem em maioria e poderem retirar competências a Valdemar Alves.
"O presidente não pode pensar que é o dono da Câmara de Pedrógão Grande e que faz o que lhe apetece", justifica. No caso da obra na C+S, condena que tenha pagado mais de 70 mil euros pelo projeto, que vai "ficar na gaveta", pois não existem fundos para pagar a obra de cerca de dois milhões de euros.
Vereador do PSD, João Marques considera um "atrevimento" o projeto ter sido adjudicado sem ser discutido em reunião de Câmara, e acusa Valdemar Alves de "má gestão e de esconder informação".
Pente fino
"Agora, todos as obras, projetos de arquitetura, alterações orçamentais, ajustes diretos, prestações de serviço e consultorias passam a ir às reuniões de Câmara", assegura.
Ouvido pelo JN, Valdemar Alves considera que os três vereadores se uniram por ser ano de eleições e diz que a retirada de competências que pretendia "evitar demoras e burocracias", vai prejudicar o Município, os munícipes e os investidores. "Querem ser uma força de bloqueio ao investimento e desenvolvimento. A população retirará daí as suas conclusões", argumenta o autarca.
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Desbaratar dinheiro
Margarida Guedes acusa o autarca de "desbaratar dinheiro", por ter transferido a maioria dos funcionários para um contentor, que custa 5000 euros por mês. A porta do Município passou a estar encostada.
Clima de medo
João Marques diz que os funcionários dos tempos em que era presidente da Câmara, eleito pelo PSD, e que se relacionavam com a vereadora do PS, foram "encostados". "Vive-se um clima de medo", denuncia.