O debate sobre a crise nos media foi esta quinta-feira mote para uma acesa troca de acusações entre várias bancadas, desde logo entre PS e PSD. O primeiro culpou os sociais-democratas pelo atraso na tomada de posse da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e o segundo recordou propostas chumbadas pelo PS.
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Por sua vez, quase no final do debate parlamentar, o ministro da Cultura recusou apoios específicos ao Global Media Group (GMG), remetendo a concretização de medidas “transversais” para depois das eleições de março.
Após o PAN ter defendido urgência na "aplicação da lei já existente" por parte da ERC, que abriu segunda-feira um processo no caso do GMG, a socialista Rosário Gambôa acusou o PSD “de puro taticismo” ao “perpetuar” o processo de negociação para um acordo em torno do novo Conselho Regulador da ERC. Um discurso semelhante tinha sido já adotado na véspera pelo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, numa audição parlamentar.
No debate desta quinta-feira pedido pelo PAN, o ministro insistiu na recusa de apoios específicos para o GMG. “Não devemos ter nenhum tipo de resposta especificamente para problemas particulares de determinados grupos. Devemos procurar soluções transversais que respondam aos problemas de fundo da comunicação social”, argumentou, alegando que isso seria “enviesar a concorrência”.
Pedro Adão e Silva respondeu ainda a críticas do PSD, após Alexandre Poço ter recordado propostas do seu partido destinadas a aumentar o consumo no setor dos media que foram chumbadas pelo PS.
Para o social-democrata Alexandre Poço, o mandato de Pedro Adão Silva como ministro da Cultura e os oito anos de governação do PS "foram um verdadeiro desperdício de tempo", pela ausência de qualquer "medida estrutural para fortalecer a robustez" dos media em Portugal.
Na resposta, o ministro aproveitou para lembrar medidas que o Governo aprovou, remetendo a sua concretização para depois das eleições de 10 de março.
“Estou confiante de que, logo a seguir às eleições, o próximo Governo tratará de confirmar aquilo que deixámos preparado, que é a gratuidade do serviço da Lusa”, exemplificou. Referiu que “pelo menos mais 600 órgãos de comunicação social” poderão beneficiar.
Para a próxima legislatura, outros partidos, como PAN e BE, reiteraram a promessa de pedir uma comissão de inquérito parlamentar à situação do GMG, mas insistiram no pagamento urgente dos salários.
"Não hesitaremos em apresentar uma proposta de abertura de inquérito parlamentar para que este caso seja escrutinado até ao último cêntimo", disse Inês Sousa Real, líder do PAN, sublinhando que também o Ministério Público "tem aqui um dever de investigar", assim como o Banco de Portugal.