Tal como em 2022, o PS prepara-se para se apresentar como bastião contra o Chega. Este sábado, foram muitas as vozes a dar como certo que, se o PSD vencer as eleições, dará a mão a André Ventura. Pedro Nuno Santos apontou à vitória em todas as eleições, menos nas legislativas. Este domingo, Costa vai ao encerramento.
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O segundo dia do congresso de Lisboa foi mais morno do que seria de esperar, tendo em conta que há legislativas dentro de dois meses. O clima geral, por entre críticas ao presidente da República, foi de unidade em torno do líder: José Luís Carneiro, candidato derrotado nas eleições internas, prometeu a Pedro Nuno a sua “mobilização e empenho”.
Carneiro sinalizou, no entanto, que espera que a unidade no congresso se reflita nas listas para o Parlamento e na elaboração do programa eleitoral. O presidente da Assembleia da República, Santos Silva, não mencionou Pedro Nuno no seu discurso e pressionou-o a obter uma “vitória robusta”.
Pedro Nuno, que tem tentado mostrar-se mais maduro – este sábado, disse que ter sido ministro o fez crescer –, surgiu sereno no congresso. A dada altura, pegou o filho de sete anos ao colo; antes, tinha ido abraçar um congressista mais velho, que discursava e o convidou para um encontro de celebração dos seus 50 anos de militância.
Pedro Nuno quer ganhar quase todas as eleições... mas não fala das legislativas
Pedro Nuno mostrou-se apostado em "ganhar as regionais [dos Açores], as europeias, as autárquicas e as presidenciais". No entanto, não mencionou as eleições legislativas, o que pode indiciar que fará uma nova geringonça mesmo que fique atrás do PSD no escrutínio de 10 de março.
O tema central, contudo, foi o Chega. Foram vários os alertas contra o risco da entrada da extrema-direita no Governo: o histórico Manuel Alegre disse que a democracia corre o risco de ser destruída “por dentro”; a ministra Ana Catarina Mendes frisou, ao JN, que uma vitória do PSD significará “uma aliança” com a extrema-direita; e Vasco Cordeiro, líder do PS-Açores, disse que o acordo PSD-Chega no arquipélago é a “antevisão” do que poderá ocorrer a nível nacional.
O desagrado com Marcelo Rebelo de Sousa foi transversal a vários discursos. O presidente do PS, Carlos César, afirmou que, ao dissolver o Parlamento, o chefe de Estado não fez o que era “politicamente devido”. O ex-deputado Ascenso Simões foi mais longe: “Estamos aqui porque há alguém em Belém que não consegue conter a palavra”, atirou, criticando também “o manto de suspeição insustentável” da Justiça sobre o poder político.
Ressuscitar Aliança Democrática é ir "ao baú"
À SIC, o secretário-geral do PS desvendou, pela primeira vez, aquele que era um segredo mal guardado. Questionado sobre se reeditará a geringonça se o PS ficar atrás do PSD, Pedro Nuno respondeu: “Não nego a experiência recente do PS, antes pelo contrário”.
De manhã, o líder do PS realçou a sua capacidade de tomar decisões. “Só erra quem faz ou tenta fazer, ao contrário daqueles que nada fazem e nada tentam”, frisou Pedro Nuno. “Mas, porque nunca erram, nunca aprendem, nunca melhoram, nunca evoluem”, acrescentou, descrevendo os partidos à Direita como “ultrapassados velhos do Restelo”.
O socialista vincou que Montenegro representa um “vazio”, alegando que foi essa falta de projeto que fez surgir Chega e IL. Criticou ainda o PSD por ter ido “ao baú” recuperar a Aliança Democrática”, coligação “amarelecida” com o CDS.
Pedro Nuno admitiu, com “humildade”, que subsistem vários “problemas” no país, da habitação aos serviços públicos.