PS não se vai opor à comissão de inquérito ao INEM mas recusa desvio de atenções
O PS não se vai opor à comissão de inquérito à situação do INEM, com viabilização já garantida, mas não divulgou o sentido de voto, apenas recusou que este instrumento parlamentar “desvie as atenções do essencial”.
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À margem da reunião do Secretariado Nacional do PS, em Lisboa, a dirigente Maria Antónia de Almeida Santos remeteu para o grupo parlamentar socialista o sentido de voto do partido sobre a criação da comissão parlamentar de inquérito, proposta pela IL e cuja viabilização já está garantida graças à abstenção do PSD.
“Com certeza que nós não nos vamos opor, mas a questão é: não queremos que uma comissão de inquérito desvie as atenções do essencial e o essencial é saber o que é que o senhor primeiro-ministro pensa disto, um ano depois de ter anunciado planos que falharam”, apontou.
A dirigente do PS começou por referir que, tendo em conta a posição dos outros partidos, a comissão de inquérito à situação do INEM vai ser viabilizada.
“A posição do PS prende-se muito com uma posição que já teve no passado em relação a outras comissões de inquérito, mas eu penso que essa questão depois vai ser discutida amanhã [quarta-feira] no grupo parlamentar e, portanto, o líder parlamentar poderá depois responder qual a posição do grupo parlamentar”, remeteu.
Segundo Maria Antónia de Almeida Santos, “há questões do INEM e há o concurso do INEM que está em causa”, que é do último ano e “da inteira responsabilidade deste Governo”.
“Nós não nos estamos a desresponsabilizar do que se passou no passado, mas a questão não é o INEM, o funcionamento do INEM neste momento. O que nós queremos saber é quais são os planos, qual a responsabilidade do Governo e, principalmente, perante esta confusão que se instalou, qual é a posição em relação a isto do senhor primeiro-ministro”, disse.
Para a dirigente do PS, “são casos muito graves que se passam e não se pode criar esta sensação de que não há estruturas que possam, de alguma forma, responder ao socorro emergente e à emergência médica”.
“Nós não temos nada a temer, até porque, de facto, o objeto da questão prende-se com o funcionamento do INEM, o concurso do INEM. Portanto, a questão que se prende é saber como é que o Partido Socialista vai votar”, referiu.
O líder parlamentar do PSD anunciou que o partido irá abster-se na proposta da IL para abertura de uma comissão parlamentar de inquérito sobre a situação do INEM, o que significará a sua aprovação. Hugo Soares transmitiu esta posição à Lusa e à SIC à entrada para a apresentação do candidato da coligação PSD/CDS-PP à Câmara Municipal de Odivelas, Marco Pina.
Na semana passada, o Chega já tinha anunciado o voto a favor da iniciativa da IL, tal como hoje o PCP, o que perfaz 72 votos a favor. Com a abstenção do PSD, mesmo que os restantes partidos, incluindo o PS, votassem contra, a aprovação do inquérito estará garantida.
PS acusa Montenegro de “inaceitável silêncio” sobre “grave atraso”
O PS acusou o primeiro-ministro de um “incompreensível e inaceitável silêncio” sobre o “grave atraso” no transporte de um doente, criticando o “passa culpas e desresponsabilização” dos ministérios envolvidos e direção executiva do SNS.
Em declarações aos jornalistas à margem do primeiro Secretariado Nacional do PS após a eleição de sábado, a dirigente Maria Antónia de Almeida Santos referiu que há uma enorme preocupação com a situação da saúde, desde logo com o recente caso do transporte com helicóptero da Força Aérea de um doente com traumatismo craniano entre Castelo Branco e Coimbra.
A socialista criticou “várias desresponsabilizações” e um “silêncio ensurdecedor” do primeiro-ministro, Luís Montenegro, sobre este caso.
“É preciso dizer alguma coisa ao país e aos portugueses e responder aos políticos que interpelam o primeiro-ministro. O silêncio do senhor primeiro-ministro (…) é incompreensível e inaceitável”, condenou.
Maria Antónia de Almeida Santos apontou “um passa culpas sem haver assunção de responsabilidades” dos ministérios da Saúde, da Defesa Nacional e do diretor executivo do SNS.
O helicóptero da Força Aérea que saiu do Montijo levou 2.15 horas para transportar um doente com traumatismo craniano entre Castelo Branco e Coimbra, afirmou na segunda-feira o Ministério da Defesa, rejeitando que a operação tivesse demorado várias horas.
“Desde que o helicóptero descolou do Montijo até que entregou o doente em Coimbra decorreram 02:15, com tempo de espera do doente incluído”, adiantou o ministério em comunicado.
O esclarecimento do Ministério da Defesa Nacional considerou ainda ser “falsa” a informação de que o transporte do doente de 49 anos, que sofreu um traumatismo craniano, do Hospital da Covilhã para os Hospitais da Universidade de Coimbra tivesse levado mais de cinco horas.
Antes, o INEM, numa resposta à Lusa, afirmou que a transferência de helicóptero de um doente com traumatismo craniano que deu entrada no Hospital da Covilhã foi uma “decisão médica conjunta” tendo em conta a situação do utente e os meios disponíveis.
Questionado pela Lusa sobre o motivo que levou a que o paciente fosse transferido da Covilhã para Coimbra num helicóptero da Força Aérea e não de ambulância, o INEM esclarece que se tratou de “uma decisão médica conjunta, entre médica da ULS Cova da Beira, médico do INEM e médica da FAP (Força Aérea Portuguesa)”.
A decisão foi baseada “tendo em consideração os critérios clínicos do utente, os meios e recursos disponíveis e melhor habilitados a dar resposta naquele momento, e outras variáveis com impacto no estado clínico do utente”, acrescenta o INEM.