O presidente do PS, Carlos César, afirmou que o partido propôs a Marcelo Rebelo de Sousa nomear um novo primeiro-ministro para assegurar a manutenção do governo socialista.
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"Do nosso ponto de vista, e essa é a solução preferencial e que apresentamos ao sr. presidente da República, é possível no atual quadro parlamentar prosseguir uma experiência governativa, visto que o PS (...) dispõe de uma maioria de deputados", referiu Carlos César, aos jornalistas, à saída do encontro com Marcelo Rebelo de Sousa.
Para o presidente do PS, é "bom que não exista uma interrupção governativa", tendo em conta os desafios a enfrentar na economia portuguesa e a instabilidade gerada pelo conflito no Médio Oriente. Um "novo ato eleitoral", disse, "não garante necessariamente uma solução de estabilidade política para o futuro". "A nossa solução preferencial é a nomeação de um governo com um novo primeiro-ministro", apontou.
Carlos César referiu não terem sido indicados nomes de potenciais chefes de Governo do PS ao presidente da República, mas disse haver no partido um "conjunto de pessoas respeitadas, com experiência governativa e alguns com experiência internacional" para suceder a António Costa. O líder socialista salientou que o nome da pessoa indicada terá de passar pela Comissão Política do PS, que reúne esta quinta-feira.
O presidente do PS afirmou que ele próprio não estará disponível para assumir o cargo de primeiro-ministro. "Não me podem incluir nesse lote", acrescentou. De recordar que António Costa anunciou na terça-feira que não se recandidatará como primeiro-ministro, caso Marcelo Rebelo de Sousa opte pela convocação de eleições antecipadas.
PS pede aprovação de OE 2024
Caso seja essa a intenção do presidente da República, o PS disse a Marcelo Rebelo de Sousa que "é muito importante" que o Orçamento do Estado (OE) de 2024 seja aprovado antes do escrutínio eleitoral.
Os responsáveis do partido explicaram ainda os "procedimentos internos", nomeadamente os timings, para a substituição do secretário-geral do PS. "Nesse contexto, no caso se existirem eleições antecipadas, indicamos ao sr.presidente da República que a cronologia dos atos que temos de preencher apontariam para uma data no mês de março", afirmou.
Sobre a investigação do Ministério Público, no âmbito de um inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça a propósito de operações nos negócios do lítio e do hidrogénio verde, Carlos César destacou a "opacidade e a ligeireza incomuns" da comunicação do gabinete de imprensa da Procuradoria-Geral da República sobre o assunto.
"É uma obrigação dessas instituições dizer de forma concreta se existe algum processo ou investigação ao sr. primeiro-ministro", concretizou. O presidente do PS elogiou o "gesto invulgar de nobreza" de António Costa em apresentar a demissão. "Se pecou foi por excesso de honradez e nobreza", concluiu.