
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins
Foto: António Cotrim/Lusa
O CEO do grupo que gere o hospital de Cascais, em parceria público-privada, foi gravado a dar instruções a dirigentes de unidade hospitalar em Madrid para rejeitarem pacientes não lucrativos. O PS enviou um requerimento a questionar a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, se indicações similares terão sido dadas em Portugal. E alerta que o grupo está interessado na gestão de mais PPP no país.
As gravações áudio que apanham Pablo Gallart a dar orientações a 20 dirigentes do hospital Torrejon de Ardoz, em Madrid, foram divulgadas na semana passada pelo jornal "El País".
O CEO do grupo Ribera Salud, que gere vários hospitais públicos em Espanha e o de Cascais em Portugal, ordenou que fosse dada prioridada aos doentes "mais rentáveis" em detrimento de outros, para que se adiassem ou mesmo não se realizassem alguns atos médicos mais caros e até para reutilizar materiais clínicos de uso único, reduzindo custos. Os quatro dirigentes que denunciaram as medidas foram demitidos, após a divulgação dos áudios, pelo Ribera Salud.
"Em causa estão várias situações de incumprimento dos princípios mais básicos da proteção da saúde e dos direitos dos cidadãos", defende o PS, no requerimento enviado à ministra. Os socialistas pretendem saber se Ana Paula Martins está "em condições de garantir que orientações semelhantes não foram igualmente dadas na PPP de Cascais" e que iniciativas foram tomadas para assegurar que os contratos estão a ser "rigorosamente" cumpridos.
Sublinhando que o Ribera Salud já anunciou a intenção de concorrer à gestão de mais PPP em Portugal, o PS questiona ainda como está o Governo a pensar reforçar a Entidade Reguladora da Saúde e a ACSS (Administração Central do Sistema de Saúde) no contexto do alargamento das PPP na Saúde.

