Carneiro destaca vitória pela terceira vez consecutiva mas, na noite eleitoral, o próprio Costa admitiu desgaste.
Corpo do artigo
No PS, é hora de fazer contas, com alguns socialistas a atribuírem os resultados ao que consideram ter sido uma colagem excessiva das autárquicas ao Governo. Foi o próprio António Costa, na noite eleitoral, a admitir o "desgaste". A direção do PS tenta separar as águas e diz ter ganho pela terceira vez consecutiva, garantindo a maioria das câmaras e juntas, apesar de perdas significativas com menos uma dúzia de concelhos e o seu auge na perda de Lisboa para o social-democrata Carlos Moedas.
Após umas eleições em que o secretário-geral e primeiro-ministro se centrou na "bazuca" de fundos, alguns socialistas disseram ao JN que o feitiço se virou contra o feiticeiro, culpando um Governo "desgastado", mas sem assumirem a crítica publicamente. E, tal como o PS, não comentam a urgência de remodelação. Daniel Adrião, que volta a desafiar a liderança, assume as críticas. Constata que "o PS está a perder terreno" e que os resultados "acusam um desgaste da governação ao fim de seis anos". E lamenta a mistura de partido e Governo na campanha.
O secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, recusa leituras negativas. "O PS venceu pela terceira vez consecutiva as autárquicas. Agora com 152 câmaras. Numa relação direta PS/PSD, sem coligações, a relação é de 148 câmaras para PS e 72 para PSD. Cumprimos o objetivo de termos a maioria das câmaras e das juntas. E, portanto, a maioria na ANMP e na Anafre", referiu ao JN.
Quem se segue na ANMP?
Na Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), a derrota de Manuel Machado em Coimbra força uma nova escolha. E já correm nomes nos bastidores, como Marco Martins, que fez o pleno em Gondomar, conquistando a única junta da CDU. É vogal do Conselho Diretivo, que reúne esta semana. Mas o processo ainda demora, garantiu Rui Santos, líder dos Autarcas Socialistas, dizendo ao JN ser "muito cedo" para nomes, num processo que envolve o PSD. Também destaca a vitória do PS e diz "não haver grande surpresa, com exceção de Lisboa", onde nota a vantagem das esquerdas. Em Coimbra, diz que a coligação adversária do PS "partiu com 15% de avanço" face a 2017.
Sobre a negociação do Orçamento do Estado (OE) e instado sobre se muda a relação de forças, Carneiro diz que "não". E há que "evitar fazer uma relação direta" entre os resultados e prioridades nacionais como o OE. A líder do BE assumiu o mau resultado mas conseguiu ter o partido na vereação do Porto, onde o PS baixou. O PCP, em coligação na CDU, perdeu sete municípios. Tirou dois ao PS.
Resultado abre porta na corrida à liderança
Pedro Nuno Santos está há muito posicionado, mas o candidato que patrocinou no Porto, Barbosa Ribeiro, teve mau resultado. Daniel Adrião diz que a sucessão deve ser preparada com "tempo", sobretudo se Costa quiser presidir ao Conselho Europeu. Mas não se revê em nomes como Pedro Nuno Santos, Ana Catarina Mendes, Mariana Vieira da Silva ou o derrotado Fernando Medina.