O PSD está dividido quanto à data da saída de Rui Rio da liderança e consequente convocação de eleições diretas e congresso eletivo. Abril, julho e janeiro são as hipóteses em cima da mesa.
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O PSD está dividido quanto à data da saída de Rui Rio da liderança e consequente convocação de eleições diretas e congresso eletivo. O atual presidente do partido já disse que gostava que o processo ficasse concluído até ao início de julho. Mas há quem defenda que ocorra já em abril, como alguns críticos. E até quem considere, como Pinto Luz e Poiares Maduro, que o ideal seria Rui Rio aceitar permanecer até janeiro do próximo ano.
Aliás, o "timing" das diretas foi o tema que mais suscitou divisões na reunião da Comissão Política Nacional de anteontem. No final, Rui Rio defendeu que devem "estar resolvidas durante o primeiro semestre deste ano, o mais tardar no início de julho que é quando as pessoas vão de férias".
"É um calendário acertado", considera Paulo Cunha, que encabeçou a lista ao Conselho Nacional de Luís Montenegro na disputa de há dois anos. Para o líder da Distrital de Braga, Rui Rio tem dado "sinais de maturidade num momento difícil", ao "perceber que o partido deve mudar de caminho" e ao mostrar que "sabe fazer a transição".
Contudo, Paulo Cunha recusa anunciar já quem apoiará. Diz apenas que está pouco preocupado com o facto de o próximo líder ter mais ou menos "carisma" e ser mais ou menos "cosmopolita". "O partido precisa é de uma liderança. E a liderança não pode ser vista do ponto de vista do indivíduo. Mas como o de uma equipa com uma missão de restauração", defende aquele que foi uma das vozes mais críticas das lideranças de Rio.
"Se o PSD for ao armário buscar os nomes que andam nisto há alguns anos, então aí é um mau princípio", sustenta, por sua vez, o presidente da Câmara de Aveiro, José Ribau Esteves, concordando que as diretas e o congresso ocorram até ao verão.
Mas, mais importante do que nomes de possíveis candidatos (recorde-se que têm sido apontados Luís Montenegro, Paulo Rangel, Pinto Luz e Moreira da Silva), para Ribau Esteves é preciso saber "para onde se quer que o partido vá". Uma discussão para a qual está "completamente empenhado e interessado".
"É uma eternidade meio ano sem uma liderança", contrapõe, porém, o líder do PSD/Viseu, Pedro Alves, defendendo que o processo decorra "dentro dos prazos normais no PSD", ou seja em cerca de dois meses (com diretas e congresso).
Paulo Leitão concorda que o partido não pode ficar seis meses com um "líder de gestão". "Quanto mais rápida for a mudança, mais rapidamente o PSD se começa a apresentar com um projeto alternativo", sustenta o líder da Distrital de Coimbra, que esteve na direção da candidatura de Paulo Rangel nas últimas diretas. Para o dirigente, as eleições podem ser marcadas em 45 dias, isto é, pode haver diretas e congresso em abril.
Porém, figuras como Poiares Maduro e Pinto Luz admitem que o ideal até seria o oposto:que Rui Rio ficasse até janeiro, meio do mandato. "Não vai ser fácil ele aceitar isso", crê um dirigente próximo do líder. A decisão será tomada no Conselho Nacional do dia 19.