O vice-presidente do PSD Carlos Coelho assinalou esta quarta-feira “especial sintonia” entre a mensagem de Ano Novo do presidente da República e a de Boas Festas do primeiro-ministro, notando que os recados de Marcelo se dirigem, sobretudo, à oposição.
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“Na semana passada estive aqui para comentar a mensagem de boas festas do primeiro-ministro e hoje ouvimos a mensagem de Ano Novo do Presidente da República. Ambas sublinham esperança no futuro e há especial sintonia entre elas”, afirmou o vice-presidente do PSD Carlos Coelho, que falava aos jornalistas, na sede do partido, em Lisboa.
Para o PSD, esta sintonia é evidente em temas como o crescimento económico, o aumento do investimento, a redução da pobreza, o reforço do Estado social e da saúde.
O Bloco de Esquerda estranhou que o presidente da República fale do 25 de Abril e do futuro sem abordar a saúde e educação públicas e habitação, lamentando que Marcelo tenha esquecido a Palestina e “o genocídio” em Gaza.
“É importante realçar que quando nós falamos de Abril, da democracia e do futuro, é bom que não esqueçamos que, em Portugal, esse futuro, essa democracia se faz como um sustentáculo de um serviço de saúde público, uma escola pública e do direito à habitação”, afirmou Bruno Maia, em conferência de imprensa.
“É muito estranho para nós que o presidente da República não tenha enfatizado estas três áreas, que são os grandes problemas, alguns dos grandes problemas e desafios que nós enfrentamos hoje em dia, particularmente na saúde”, acrescentou.
O elemento da mesa nacional do BE salientou que o chefe de Estado “não deu uma palavra sobre o Serviço Nacional de Saúde, que enfrenta dias tumultuosos, que se têm vindo a agravar ao longo dos anos, com urgências fechadas, falta de acesso de mulheres grávidas a um serviço de urgência, um bloco de partos”.
Em relação às desigualdades, abordadas por Marcelo Rebelo de Sousa, o dirigente do BE recordou que o atual Governo PSD/CDS-PP se focou em duas medidas: a diminuição do IRC para as grandes empresas e o IRS jovem, que “aumentam as desigualdades entre os jovens e aumentam as desigualdades porque dão borlas fiscais a grandes empresas, que ainda em 2023 tiveram lucros excessivos”.
“Não se pode falar de futuro e do 25 de Abril sem falar sobre saúde, sem falar sobre educação, continuamos a ter escolas sem professores, e sem falar sobre habitação”, reforçou Bruno Maia, sublinhado que, em 2024, se continuou a “ver os números das rendas e do acesso à habitação a piorarem, sem sinais de retorno”.
"Grande ausência" da reforma do Estado
O presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, criticou a "grande ausência" do tema da reforma do Estado da mensagem de Ano Novo de Marcelo, tal como na mensagem de Natal do primeiro-ministro.
"Destas intervenções há uma grande ausência a registar, que é a ausência a qualquer referência a reforma do Estado", criticou hoje Rui Rocha, na sede nacional da IL, no Porto, falando aos jornalistas em reação à mensagem de Ano Novo de Marcelo Rebelo de Sousa.
O líder da IL, que juntou à sua análise a mensagem de Natal do primeiro-ministro, notou que "todos falam da necessidade de crescimento económico, todos falam na necessidade de ser competitivos num ambiente muito desafiante internacional, o senhor Presidente da República disse-o".
"Mas não há ninguém - mesmo nas intervenções dos outros partidos, que tive oportunidade de ouvir - que fale na reforma do Estado", observou.
Insegurança
O presidente do Chega considerou que a mensagem de Ano Novo "ficou aquém" do esperado, pois queria ter ouvido Marcelo Rebelo de Sousa abordar temas como saúde ou insegurança.
"Ouvimos hoje a mensagem de Ano Novo do presidente da República, que ficou aquém do que esperávamos, porque esperávamos uma mensagem que fosse capaz de apontar ao Governo os caminhos errados e também de apontar ao país os caminhos errados que têm sido prosseguidos", afirmou André Ventura num vídeo divulgado pela assessoria de imprensa do partido poucos minutos depois do final da transmissão da comunicação de Marcelo Rebelo de Sousa.
O líder do Chega defendeu que, "este ano, a saúde e a insegurança que se vive em Portugal exigiam uma ação determinante e uma palavra firme do Presidente da República sobre esta matéria".
"Não aconteceu, e o país ficou a perder", salientou.
"Paz e cooperação"
O dirigente do PCP Rui Fernandes defendeu que é preciso “paz e cooperação” e não “uma disputa entre povos e entre Estados”, numa reação à mensagem de Marcelo, dedicada em parte à situação internacional.
“A primeira é que precisamos de paz e cooperação e não de uma política de disputa entre povos e entre Estados. E não, como alguns defendem, de cortes de pensões e Segurança Social para investir em mais armamento”, disse Rui Fernandes, em conferência de imprensa na sede nacional do PCP, em Lisboa.
O chefe de Estado iniciou a sua tradicional mensagem de Ano Novo com uma análise à situação internacional, defendendo que "mais aliança entre Estados Unidos da América e União Europeia na economia, na política, na Ucrânia, no Médio Oriente, é melhor para a Europa e é pior para a Federação Russa e para a China".
O dirigente comunista considerou depois que os objetivos identificados no que toca ao combate à pobreza só conseguirão ser concretizados se houver uma mudança de política.
“Portugal necessita de uma mudança de política que seja assente nos valores constitucionais e que promova aumento dos salários, pensões e que dê resposta aos problemas na saúde e habitação”, sustentou.
"Triunfo do bom senso"
O vice-presidente do CDS manifestou concordância com a mensagem de Ano Novo do presidente da República e considerou que em Portugal "é fundamental que haja um triunfo do bom senso", que é uma "derrota dos radicalismos".
O vice-presidente do CDS Telmo Correia registou "sobretudo concordância" e considerou um "estímulo positivo" as afirmações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a necessidade de bom senso.
"No nosso país, é fundamental que haja um triunfo do bom senso, porque o triunfo do bom senso é a derrota dos radicalismos e nós no CDS não confundimos" aquilo que são "as preocupações do povo e aquilo que é popular" com aquilo "que é o populismo", apontou.