O PSD vai impor a constituição de uma comissão de inquérito parlamentar para "apurar responsabilidades de governos e de administrações" em relação à Caixa Geral de Depósitos.
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Este anúncio foi feito por Luís Montenegro durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro, António Costa, no Parlamento.
A criação de um inquérito parlamento sobre a CGD foi sugerida pelo antigo presidente do PSD Luís Marques Mendes, no seu programa de comentário semanal na SIC, no dia 05 de junho.
"Por que se faz uma comissão para os outros bancos e para a CGD não? O PS e o PSD têm medo de fazer aqui um inquérito porquê?", questionou, na altura, o social-democrata, referindo os anos de 2007, 2008 - quando o PS estava no Governo - como um período de "má gestão" no banco público.
Hoje, depois de dirigir um conjunto de questões ao primeiro-ministro sobre a reestruturação e a recapitalização da CGD, Luís Montenegro sustentou que "o senhor primeiro-ministro não quer prestar os esclarecimentos que são devidos ao país".
"Por isso, senhor primeiro-ministro, eu quero aqui anunciar de forma clara e solene: vai haver uma comissão de inquérito para analisar no parlamento toda esta situação e a sua evolução. Os parlamentares do PSD, pelo menos, vão requerer nos termos da lei a constituição imediata e obrigatória de uma comissão de inquérito que possa aferir e apurar responsabilidades de governos e de administrações", acrescentou.
Luís Montenegro argumentou que os portugueses "têm direito a saber o que é que se passou na CGD e porquê estas necessidades de hoje".
"É muito dinheiro, senhor primeiro-ministro. Temos de compreender muito bem como é que a Caixa chegou a esta situação", defendeu.
Logo no início da sua intervenção, o líder parlamentar do PSD falou em "negócios ruinosos e especulativos" na CGD durante os tempos em José Sócrates foi primeiro-ministro, e associou António Costa a essa governação, dizendo-lhe que "pertenceu" e "apoiou" esse Governo.
Na resposta, António Costa declarou-se "um pouco perplexo", salientando que PSD e CDS-PP estiveram no Governo e nos últimos quatro anos e meio.
"Vamos lá a ver se nos entendemos de uma vez por todas. Sobre o passado, os senhores responderam e tutelaram a Caixa durante quatro anos. Se algo de ilegal existia, espero que tenham cumprido o vosso dever de o comunicar às autoridades próprias", declarou o primeiro-ministro.
"Se algo de ilegal existia, espero que as autoridades judiciárias não tenham andado distraídas. Se algo de ilegal existia, espero que a autoridade supervisora não tenha andado distraída. E, portanto, que tudo tenha sido esclarecido no momento próprio. Quanto a este Governo, que não governa o passado, com o que nós nos preocupamos é que no futuro não se volte a pôr dúvidas sobre a gestão da CGD", completou António Costa.