O futuro do PSD ficou adiado por mais uma semana. Contra muitas expectativas, Rui Rio esteve à beira da maioria absoluta nas eleições internas do partido. Mas, quando a reta final da contagem dos votos se concentrou no Sul, o líder social-democrata perdeu fôlego, com Luís Montenegro no encalce.
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A diferença foi de 2534 votos: Rio ficou nos 49,44% e Montenegro nos 41,26%. Os militantes irão pela segunda vez às urnas, no próximo sábado, e os 2878 votos de Miguel Pinto Luz irão ser alvo de disputa das duas fações.
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Mesmo com a anulação dos resultados na Madeira, a que se juntam dois pedidos de impugnação em Portalegre e na Amadora, Rui Rio não conseguiu agarrar a vantagem que teve durante cerca de hora e meia sobre Montenegro e que o colocavam acima dos 50%. Se o núcleo duro da atual Direção do partido acredita que não será difícil obter a vitória para a semana, já do lado do principal opositor acredita-se que há tempo para sensibilizar os mais de nove mil militantes inscritos que não votaram.
Segundo Nunes Liberato, presidente do Conselho de Jurisdição Nacional (CJN), dos 40 604 militantes habilitados a votar, foram às urnas 31306. Desses, 15301 votaram em Rio e 12767 em Montenegro.
Mais votaram na mudança
Assim que foram validados estes números, o ex-líder parlamentar desafiou o autarca de Cascais a dar-lhe a mão. "Se for eleito líder do PSD, conto com Pinto Luz para os desafios que teremos de enfrentar", disse Montenegro, no Hotel Sana, em Lisboa, onde pediu a Rio "que aceite, desde já, fazer um debate televisivo na próxima semana".
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"Foram mais os militantes que votaram na mudança do que na continuidade", defendeu, numa declaração sem direito a perguntas - apesar de terem estado previstas e até terem sido sorteadas pela candidatura momentos antes. Repetindo as bandeiras que acenou durante a campanha, em que prometeu "unidade, clarificação e ambição", Montenegro prometeu que, se vencer, irá pacificar o partido, juntando os "que estiveram ao lado de Rio e Pinto Luz".
Rui Rio, que foi o último a reagir, notou que teve uma "vitória expressiva" e pediu aos militantes que façam "mais um esforço no sábado para aparecer outra vez". "Fiquei a 0,56% de conseguir a maioria absoluta", disse. "Hoje não se verificou essa coisa de ser um perdedor", disse, responsabilizando Pinto Luz por ter que ir a uma segunda volta, mas felicitando-o pelo resultado.
Ao JN, Salvador Malheiro, diretor da campanha de Rui Rio, destacou que "não é um resultado taco a taco", apesar da segunda volta, notando que "a diferença é superior a 2500 votos" face a Montenegro. "É uma diferença clara na vontade dos militantes" de que Rio seja reconduzido, acrescentou, dizendo haver "uma enorme probabilidade de vitória". Sobre o diferendo na Madeira, diz que está entregue ao órgão competente da Jurisdição, sem se pronunciar.