O PSD deu liberdade de voto aos deputados para escolherem em consciência a posição sobre os diplomas de despenalização da eutanásia. E quase todos foram contra a opinião pública do líder, Rui Rio.
Corpo do artigo
Seis deputados do PSD votaram a favor da despenalização da eutanásia e três abstiveram-se. "O líder do partido sabia que a opinião maioritária era no sentido que aconteceu hoje, mesmo assim afirmou a sua posição porque esta é uma matéria de convicções", disse o líder da bancada do PSD na Assembleia da República, Fernando Negrão, rejeitando a ideia de que esta posição agrava a clivagem entre deputados e direção do partido.
"O presidente do partido deu liberdade de voto porque considerou que esta era uma questão de consciência e isso é que é verdadeiramente importante, cada deputado se ter exprimido livremente", afirmou Fernando Negrão, no final do debate em que foram rejeitados os quatro projetos-lei que propunham a despenalização da eutanásia.
Questionado se existiu alguma concertação de votos na bancada do PSD - já que alguns deputados votaram a favor do projeto do PS, outros em relação ao do PAN e outro ainda aos do BE e PEV -, Negrão respondeu que "não houve nenhuma estratégia, nenhuma pressão".
Dos seis que votaram a favor, apenas Teresa Leal Coelho e Paula Teixeira da Cruz o fizeram em relação aos quatro projetos em discussão. Adão Silva e Margarida Balseiro Lopes votaram apenas a favor do projeto do PS, Cristóvão Norte votou favoravelmente apenas o diploma do PAN e Duarte Marques os projetos de BE e Verdes.
"Não houve pedagogia absolutamente nenhuma, não falei individualmente com ninguém, todos os deputados votaram livremente e em consciência", salientou.
Fernando Negrão salientou que "a matéria de fundo" a discutir deveria ser, não a eutanásia, mas os cuidados paliativos. "O PSD trouxe isso hoje ao debate e é essa a proposta que tenho a certeza que estamos todos de acordo", referiu.
Questionado se, ao defender que esta é uma matéria que pertence à consciência dos portugueses, está a propor que a despenalização da eutanásia seja decidida por referendo, o líder parlamentar do PSD foi cauteloso.
"Não fui tão longe, o que eu disse é que, no mínimo, devia estar inscrito nas propostas dos partidos e ser discutido nas campanhas eleitorais para os portugueses saberem que serão confrontados com matérias desta natureza e desta complexidade", afirmou, admitindo que o parlamento volte a discutir, no futuro, este assunto.
A Assembleia da República chumbou hoje os projetos de lei do PAN, BE, PS e PEV para a despenalização da eutanásia.
O projeto do PAN teve 107 votos a favor, 116 contra e 11 abstenções. O diploma do PS recebeu 110 votos a favor, 115 contra e quatro abstenções.
O projeto do BE recebeu 117 votos contra, 104 a favor e oito abstenções. O diploma do PEV recolheu 104 votos favoráveis, 117 contra e oito abstenções.
Seis deputados do PSD votaram a favor da despenalização da eutanásia, mas apenas duas parlamentares -- Teresa Leal Coelho e Paula Teixeira da Cruz -- o fizeram em relação aos quatro projetos em discussão.
Dos restantes, dois deputados sociais-democratas votaram apenas a favor do projeto do PS - Adão Silva e Margarida Balseiro Lopes -, um outro votou favoravelmente apenas o diploma do PAN, Cristóvão Norte, e outro ainda os projetos de BE e Verdes, Duarte Marques.
Pedro Pinto e Berta Cabral abstiveram-se em todos os projetos e Bruno Vitorino absteve-se no do PAN, votando contra os restantes.