PSP deteve seis estudantes que tentavam pernoitar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Ao início da madrugada desta terça-feira seis estudantes que ocupavam a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa foram retirados da instituição pela PSP. Os jovens, que participam numa nova onda de ações, acabaram detidos. Esta manhã serão presentes a um procurador.
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Os estudantes e ativistas climáticos ocupavam o edifício C da FCSH, onde se preparavam para pernoitar em tendas, quando, por volta da meia noite, a direção da faculdade ameaçou chamar a polícia caso não deixassem o local. Os estudantes afirmam ter resistido de forma pacífica sendo que, por volta das 1 horas, a polícia retirou-os à força. A PSP deteve seis estudantes que foram levados para a esquadra da Penha de França.
“Fomos detidos ontem à noite na nossa própria faculdade por estarmos a resistir pacificamente”, contestam os estudantes, acusando as instituições de Ensino Superior de "parecem ser completamente intolerantes a qualquer manifestação" quando são "historicamente um local de luta e de protesto".
Numa nota enviada às redações, o grupo alega que, enquanto saíram da faculdade, um dos carros da polícia, que levava uma detida, terá atropelado um peão. A vítima e a estudante foram assistidas pelo INEM no local. Ao JN, o Núcleo de Imprensa e de Relações Públicas do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP (Cometlis) não comentou a ocorrência, remetendo esclarecimentos para uma nota que será lançada durante esta terça-feira.
Segundo o coletivo, os jovens foram libertados pelas 7 horas e serão ouvidas por um procurador em tribunal, durante esta manhã, no Campus de Justiça, em Lisboa. O coletivo marcou uma vigília em solidariedade. Apesar deste desfecho, os estudantes prometem não desmobilizar pelo que, logo à tarde, irão protestar contra a retirada que aconteceu na FCSH, na esplanada da faculdade lisboeta, pelas 15.30 horas.
Os estudantes começaram na segunda-feira uma nova onda de ações pelo fim dos combustíveis em Lisboa e Coimbra, alertando que vão causar disrupção em escolas e faculdades até o Governo se comprometer com um plano "que garanta uma transição justa dentro dos prazos ditados pela ciência e através de um serviço público de energias renováveis".
Ações de protesto em escolas e universidades de Lisboa e Coimbra
Além da FCSH da Universidade Nova de Lisboa, as ações decorrem em outras seis escolas e faculdade, mas os estudantes não permaneceram durante a noite nas instituições, explicou, ao JN, fonte da Greve Climática Estudantil. Segundo a mesma fonte do coletivo, na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (FPUL), cuja entrada principal foi bloqueada durante o dia de ontem, “houve várias vezes ameaça de remoção por parte da direção e da polícia”.
Já na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), os estudantes dizem ter interrompido uma aula que estaria a ser lecionada pelo diretor daquela instituição para darem uma palestra sobre justiça climática. Também em Lisboa, outro grupo de estudantes em protesto diz ter sido impedido de entrar na Escola Secundária D. Filipa de Lencastre pelo que se manifestou no exterior.
Também aconteceram ações no Instituto Universitário de Lisboa (SCTE), na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), na Universidade de Coimbra, na Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC) e na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL). Os estudantes prometem ainda ocupar o Ministério do Ambiente, em Lisboa, no dia 24 de novembro.
As reivindicações são as mesmas que levaram vários estudantes a ocuparem instituições de ensino por Lisboa em abril último, bem como em novembro de 2022: exigem o fim aos combustíveis fósseis e uma eletricidade 100% renovável e acessível até 2025 para que este seja o último inverno que Portugal necessite de utilizar gás fóssil.