Quais as escolas resilientes que cumprem a missão de elevador social? O Ministério da Educação criou um novo indicador estatístico para saber a resposta. E os dados de 2019 revelaram que quase um terço das escolas (154 entre 496) promoveram a "Equidade". Ou seja, conseguiram fomentar o sucesso entre os alunos abrangidos pela Ação Social Escolar (ASE). Em 200 escolas, os resultados desses alunos, avaliados a partir dos Percursos Diretos de Sucesso e dos exames do 12.º , não melhoraram quando comparados com contextos similares.
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De acordo com os dados do portal Infoescolas, a Secundária de Airães (Felgueiras) foi a que mais fomentou a "Equidade" (nome atribuído ao novo indicador). Com quase 46% de alunos do 12.º abrangidos pela ASE, registou 62% de Percursos Diretos de Sucesso - um resultado 37% acima da média alcançada por contextos similares. O diretor, Jorge Morgado, começa por apontar como vantagens da escola não ter indisciplina e não atingir o limite máximo de alunos por turma. A motivação é uma prioridade. Além dos apoios, apostam em projetos como o Erasmus ou o Eco-Escolas que levam os alunos a novas realidades.
"O contexto não pode ser um estigma e cabe aos professores a capacidade de marcarem os alunos", frisa.
Durante o segundo confinamento, revela, teve de duplicar o número de suplementos, lanches distribuídos, aos alunos. "Assusta muito. A sociedade pode falhar mas a escola nunca pode falhar para estes alunos", diz. Por isso, o seu lema é que sintam a escola como a sua casa e consigam ser felizes.
Airães surge na tabela feita com base nos resultados dos exames no 45.º lugar. Foi a terceira pública melhor classificada no país. Jorge Morgado, eleito há dois anos, assume-se como "diretor da pandemia" e defende como essencial, no próximo ano letivo, o Ministério manter o reforço de professores e de técnicos como psicólogos. No currículo, é urgente encurtar e redifinir prioridades.
Transparência
O objetivo do novo indicador, explicou o secretário de Estado Adjunto da Educação, João Costa, é permitir "olhar transversalmente para as escolas e ver quais são as que conseguem levar os alunos com fragilidades económicas mais longe".
O presidente do Conselho das Escolas, José Eduardo Lemos considera que o Ministério "deu um importante impulso a favor da transparência com a criação do Infoescolas, através do qual se foram disponibilizando vários indicadores estatísticos". No entanto, frisa, muitos mais dados devem ser disponibilizados.
"Se a escola promover a equidade, compensando o que o meio não dá, constituirá elevador social. Caso contrário, até poderá aumentar as diferenças", sublinha Fernanda Leopoldina Viana, professora do Instituto da Educaçáo da Universidade do Minho. v