Esta quinta-feira, todos os partidos, com a exceção do PS, uniram-se para baixar o impostos nos combustíveis. Esta não foi a primeira vez que a Geringonça não funcionou e, desde o início da legislatura, já por algumas vezes, PCP e BE votaram ao lado da direita e contra o PS, obrigando o Governo a rever medidas à sua revelia.
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Um dos casos mais sonantes deu-se em janeiro de 2017, quando PCP, BE e PSD chumbaram a proposta socialista que previa uma redução de 1,25 pontos percentuais no pagamento das contribuições dos empregadores à Segurança Social (que ficou conhecida como "a TSU dos patrões"). Um ano antes, PSD, CDS e PCP tinham aprovado, contra o PS, a manutenção dos cortes ao financiamento dos partidos. Em julho de 2017, a mesma coligação entre direita e comunistas chumbou o projeto socialista para a criação de um banco nacional de terras e de um fundo de mobilização de terras, duas das medidas que o Governo pretendia aprovar no âmbito da reforma da floresta.
Em abril deste ano, o Governo tinha apresentado uma proposta para corrigir os problemas do concurso de mobilidade interna dos professores dos quadros, realizado no verão de 2017, contestado em tribunal pelos professores que se viram "empurrados" para quilómetros de casa devido a alterações na colocação. Porém, todos os outros partidos decidiram ir mais longe e, contra a vontade do PS, aprovaram a realização de novo concurso de mobilidade integral, ou seja para todos os professores e não apenas para aqueles que se tinham mostrado "insatisfeitos".
A discussão do Orçamento de Estado em sede de especialidade também já causou dissabores ao Governo. Em 2016, com a oposição do PS, mas com a união da direita e de pelo menos um dos partidos à esquerda do PS, foram aprovadas medidas pela transparência da gestão das empresas públicas que tinham em mente a nova administração da Caixa Geral de Depósitos, uma proposta do PCP para a gratuitidade das entradas nos museus aos domingos de manhã e feriados, uma proposta do CDS para a recuperação do IC35 e uma proposta do PCP para a recomposição das carreiras dos sargentos fuzileiros deficientes das Forças Armadas.
No Orçamento de 2018, todos os partidos, à exceção do PS, aprovaram a transferência de até 800 mil euros para a construção de uma residência de estudantes em Rio Maior e, por proposta do BE, com a abstenção do PCP e voto contra do PS, deram luz verde ao controlo mensal das cativações por parte do Parlamento.
Um outro diploma que fraturou a gerigonça foi o projeto de lei, baseado em projetos do PSD e do PAN, que permitia que engenheiros pudessem assinar projetos de arquitetura. Enquanto PSD, PCP, PEV e PAN votaram em bloco a favor, as bancadas do PS e do CDS dividiram-se e o BE votou contra. O diploma passou no Parlamento, mas acabou por ser vetado pelo Presidente da República em abril deste ano, obrigando o parlamento a fazer alterações.