Quase 1600 utentes permaneciam, até ao final de agosto, internados nos hospitais públicos por não terem para onde ir. De acordo com o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), cerca de 580 doentes aguardavam uma "resposta exclusivamente social" e 1003 por uma vaga na rede nacional de cuidados continuados.
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Segundo Fernando Araújo, a maioria dos utentes que aguardam uma resposta social encontram-se em hospitais do Norte (244) e da região de Lisboa (284). Deu também nota de que o número de utentes colocados nesta resposta, segundo a monitorização do Instituto da Segurança Social, tem vindo a aumentar desde março de 2020. Só este ano, até final de agosto, 1 043 utentes tinham sido acolhidos numa resposta social.
Já no que toca à Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, o diretor executivo do SNS adiantou que havia, até ao final de agosto, 1 003 utentes a aguardar por uma vaga. Cerca de 444 no Norte e 289 em Lisboa. Nos primeiros oito meses deste ano, a rede acolheu mais 27 245 utentes. Trata-se, em média, de cerca de 3 400 utentes colocados nas várias respostas de cuidados continuados por mês.
"De 2015 a 2019, os doentes admitidos na rede passaram de 35 735 por ano para 37 839. Este ano, a previsão de admissão na rede deverá atingir os 40 800 utentes, o que significa um aumento nesta capacidade", frisou Fernando Araújo, dando nota que "a oferta de lugares tem aumentado todos os anos".
Registou-se, de acordo com o diretor executivo do SNS, uma evolução dos 7481 lugares em 2015 para os 9 579 em 2022. Atualmente, revelou, há 15 959 lugares na rede nacional cuidados continuados integrados. Cerca de 9 844 correspondem a internamento e 5 884 a apoio ao domicílio.
Até final deste ano, a enfermeira Filomena Cardoso revelou que deverão abrir mais 691 camas de internamento na rede geral de cuidados continuados, das quais 130 já estão autorizadas e as outras estão a aguardar despacho autorizador. No âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, lembrou também, está previsto um crescimento de cerca de 5 500 camas, dos quais mil até dezembro de 2024 e 4 500 até dezembro de 2025.
Questionado sobre os concursos públicos para a criação de novas camas, Fernando Araújo explicou que "demorou um pouco mais a abrir estes concursos" porque "os valores estipulados inicialmente não eram reais para que houvesse parceiros disponíveis" devido à crise e à inflação. O diretor-executivo do SNS recordou, por isso, que os valores aumentaram 40%.
"As camas têm que ser vistas sempre como último limiar do processo. Estamos muito interessados em ter outro tipo de respostas que possam manter as pessoas nas suas casas, junto das suas famílias com apoio médico, clínico e social. Esse é um os grandes objetivos que nós temos e que estamos a trabalhar", concluiu Fernado Araújo.