Já contabilizados os círculos da emigração, os votos não convertidos em mandatos sobem para 656.700 nestas legislativas. São 10,85% dos votos válidos em partidos, segundo a análise do projeto "omeuvoto.com". Há uma redução face a 2024 na ordem dos 100 mil. Das forças com assento parlamentar, o BE é o mais prejudicado.
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A 18 de maio, após o apuramento dos votos no território nacional, os votos desperdiçados já ascendiam a 567.930 (9,76% do total de votos válidos), quando faltava apurar os dois círculos da emigração: Europa e Fora da Europa. Ou seja, agora somam-se quase mais 89 mil.
O total de votos não convertidos em mandatos, ou seja que não serviram para eleger ninguém, baixou face às legislativas antecipadas de 2024, quando foram 760.890, cerca de 12,28% do total, já com os resultados da emigração. Segundo as contas que o investigador Luís Humberto Teixeira, mestre em Política Comparada pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, revelou no ano passado ao JN, tratou-se de um novo recorde: em 2022 foram cerca de 730 mil. Também em 2024, antes de contabilizados os círculos da emigração, os votos desperdiçados ultrapassavam os 673 mil (11% dos votos válidos).
De qualquer modo, sublinha que, apesar da ligeira melhoria, os valores continuam este ano a situar-se acima da média histórica, com valores preocupantes.
Redução em cerca de 100 mil
Segundo a análise atualizada com os resultados dos dois círculos da emigração apurados esta semana, os votos não convertidos em mandatos ascendem agora a 656.700 (menos 104 mil face a março de 2024), número que poderá ainda sofrer ligeiras alterações após a publicação do mapa oficial.
Os partidos mais beneficiados pelo sistema em vigor foram o Chega, que teve 14.288 votos não convertidos (0,99% dos votos no partido), e a AD, com 15.458 (0,78% dos votos na coligação).
Os autores referem ainda que "o PS viu serem ignorados 47.693 votos em si depositados (3,31%), o seu pior score de sempre em termos percentuais e absolutos". Um resultado que dizem superar a soma de todos os votos não convertidos em mandatos pelo PS entre 1991 e 2024 (31.708).
BE foi o mais prejudicado
Além disso, dos partidos que obtiveram assento parlamentar, o BE foi o mais prejudicado (95.796 votos ignorados, 76,2%), seguido do Livre (93.887 votos ignorados, 36,49%), da IL (87.452 votos ignorados, 25,82%), da CDU (78.353 votos ignorados, 42,64%) e do PAN (63.570 votos ignorados, 73,12%).
Quanto ao estreante JPP, fruto da sua votação concentrada no círculo da Madeira e de ter concorrido a menos de metade das circunscrições, teve apenas 3.796 votos não convertidos em mandatos (18,15% do total recebido pelo partido), descrevem depois na análise. Já o ADN recebeu 81.594 votos (quatro vezes mais do que o JPP) e nenhum deles foi convertido num mandato.
No site www.omeuvoto.com, qualquer eleitor pode fazer um teste para saber se o seu voto foi convertido num mandato. É válido para todas as eleições legislativas desde 1975.