Para quase metade dos portugueses, a Aliança Democrática é a principal responsável pela ida antecipada às urnas. Porém, o Chega é o partido que mais desagradou o eleitorado durante o processo que conduziu o país a eleições. A conclusão é da sondagem da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN Portugal.
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Segundo o barómetro, 46% dos inquiridos atribuiu à coligação PSD/CDS, que governa o país desde março do ano passado, a culpa pelo sufrágio de 18 de maio, enquanto para 28% é o PS o principal responsável. Equiparado com os restantes partidos surge o Chega, com 8%, ao passo que o presidente da República é responsabilizado por 6% dos que responderam ao inquérito.
Analisando a informação recolhida ao detalhe, é possível concluir que os homens - que numa sondagem anterior dão um empurrão decisivo à AD como provável vencedora nas eleições do próximo mês - culpam mais o PS do que as mulheres, numa diferença de cinco pontos. Por idades, são os eleitores entre 35 e 44 anos que mais elegem a AD como principal responsável e, em sentido inverso, o PS é o mais responsabilizado na faixa etária dos 55-64 anos. A coligação liderada por Luís Montenegro é mais poupada a Norte do país e mais culpada em Lisboa, no Sul e nas ilhas.
No que diz respeito à orientação política, metade dos eleitores da AD atribui a culpa ao PS - o que não é surpresa -, e só os votantes do PAN culpam mais os socialistas do que a AD. Para quem vota na Iniciativa Liberal, PS e AD estão empatados na atribuição de culpas. Por outro lado, a AD é a principal culpada para o eleitorado do PS, CDU e Livre.
Governo devia ter retirado moção de confiança
Em linha com a conclusão obtida, sete em cada dez inquiridos afirma que era da responsabilidade do Governo retirar a moção de confiança para evitar o cenário de eleições antecipadas. A constatação é mais evidente nos homens, nos que têm rendimentos mais elevados, e de Lisboa, Sul e ilhas. Mais uma vez, o Norte do país é mais brando com Luís Montenegro e os eleitores do PS, CDU e Livre são os mais penalizadores com o atual primeiro-ministro.
Sobre a atitude que o PS teve na votação da moção de confiança, o eleitorado mostra-se dividido: 48% são da opinião que os socialistas tinham a responsabilidade de viabilizar o Governo para evitar eleições, enquanto 47% são da opinião contrária. Neste indicador, os homens e o grupo dos mais velhos - que mais responsabilizaram a AD - também são os que mais culpam o PS, enquanto os mais jovens retiram a responsabilidade aos socialistas. O partido de Pedro Nuno Santos é mais poupado pelos inquiridos da classe social mais elevada e pelos que vivem em Lisboa.
Ainda sobre culpados, o Chega é o menos valorizado. Para a maioria do eleitorado (60%), não era da responsabilidade do partido de André Ventura viabilizar o Governo para evitar a ida às urnas. Os 33% que concordam na atribuição de culpas ao Chega são os mesmos que poupam a AD: os homens, os mais velhos, os do Norte do país e e os que votaram na coligação.
Chega com nota negativa para 74% dos portugueses
Durante o longo processo que conduziu o país a eleições, e que contou com o chumbo de duas moções de censura e de uma moção de confiança ao Governo, a Iniciativa Liberal foi o único partido com saldo positivo entre avaliações positivas e negativas. Os liberais tiveram um bom ou muito bom desempenho para 29% dos portugueses e um mau ou muito mau comportamento para 28% dos inquiridos.
Pelo lado favorável, só o PSD e o CDS aparecem também com avaliações acima dos 20%, enquanto a CDU e o Chega, responsáveis pelas duas moções de censura apresentadas, só agradaram a 10% dos inquiridos.
No entanto, o indicador negativo domina de forma esmagadora a avaliação a todos os partidos. Além de apenas a Iniciativa Liberal ter um saldo positivo entre boas e más avaliações, mais de metade dos portugueses reprovam o comportamento da AD, PS, Bloco de Esquerda, CDU e Chega. O partido de André Ventura é mesmo o mais arrasado pelos inquiridos: 74% consideram que o Chega portou-se mal ou muito mal durante o processo que conduziu o país a eleições.
Quem mais penaliza o Chega? Segundo os dados recolhidos pela Pitagórica, entre os 74% que reprovam o comportamento da bancada liderada por André Ventura destacam-se as mulheres, os inquiridos que têm rendimentos elevados e os que vivem na zona de Lisboa. Até 20% dos eleitores do Chega avaliam com “mau” o comportamento do próprio partido.
Ficha técnica
Sondagem realizada pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF e JN, com o objetivo de avaliar a opinião dos portugueses sobre temas relacionados com a atualidade do país. O trabalho de campo decorreu entre os dias 24 e 29 de março de 2025. A amostra foi recolhida de forma aleatória junto de eleitores portugueses recenseados e foi devidamente estratificada por género, idade e região. Foram realizadas 1626 tentativas de contacto, para alcançarmos 1000 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 61,50%. As 1000 entrevistas telefónicas recolhidas correspondem a uma margem de erro máxima de +/- 3,16% para um nível de confiança de 95,5%. A direção técnica do estudo é da responsabilidade de Rita Marques da Silva. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social, que os disponibilizará para consulta online.