Muitos alunos do distrito do Porto poderão ter furos ou mesmo nenhuma aula durante esta quarta-feira. A greve distrital dos professores cumpre-se no Porto. É o último distrito em protesto e os sindicatos acreditam numa "adesão muito grande" à paralisação, em linha com o que se verificou noutros territórios.
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Admitem que "quase nenhum aluno terá aulas" e que possa haver docentes de outras zonas do país, nomeadamente da região Norte, a marcar presença na concentração convocada para a Avenida dos Aliados. Ontem, as vozes de contestação de quem dedica a vida a ensinar fizeram-se ouvir em Viseu. A adesão rondou os 98%. Após as greves por distrito, segue-se uma manifestação nacional no sábado em Lisboa.
"Quase nenhum aluno terá aulas. Penso que será isso que vai acontecer. Não quer dizer que, aqui ou acolá, não haja um professor [nas escolas]. Diria que vão ser as raras exceções", estimou, ontem, o secretário-geral da Fenprof, acreditando que a adesão à greve no distrito do Porto estará em linha com "o que têm sido as greves" noutros distritos, onde se têm registado "adesões superiores a 90%".
"Os professores estão indignados, porque são alvo de grandes injustiças apesar do grande esforço, trabalho e empenho no seu dia a dia nas escolas", afirmou Mário Nogueira, notando que há "grande contestação dos professores a algumas das medidas no regime de concurso" e com o facto de o "Governo não abrir as negociações para resolver [outros] problemas".
320 autocarros para a capital
Dá, como exemplo, o tempo de serviço ainda congelado, as vagas e as quotas na carreira docente e as questões relacionadas com a mobilidade por doença.
"É aos professores que, neste momento, o Governo não quer resolver problemas que são fundamentais para valorizar a profissão e, dessa forma, atrair jovens. Senão, qualquer dia, não temos professores qualificados nas escolas", alertou.
As reivindicações também são apontadas pelo secretário-geral da Federação Nacional da Educação (FNE) e pela presidente do Sindicato Independente dos Professores e Educadores (SIPE). Ambos assumem "expectativas muito elevadas" para a concentração no Porto. Também Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas acredita numa "enorme adesão à greve"
"Em todos os distritos, temos visto uma adesão muito grande e estamos certos que, sendo o Porto e sendo a última iniciativa, os níveis de adesão serão muito elevados", referiu João Dias da Silva, secretário-geral da FNE, admitindo que possa haver professores de outras zonas do país a marcar presença na Avenida dos Aliados.
As expectativas são partilhadas por Júlia Azevedo, do SIPE. A dirigente sindical assume também que, no próximo sábado, haverá milhares de docentes a aderir à manifestação em Lisboa. Ainda sem dados fechados, o líder da Fenprof revelou que, até ao final da manhã de anteontem, havia mais de 320 autocarros confirmados para rumar até à capital. "Vamos lá ver se o ministério se sente pressionado e abre a negociação. O que está em causa não são só os concursos e ainda não vimos, por exemplo, flexibilidade para a recuperação do tempo de serviço, que pode ser faseada", frisou Júlia Azevedo.