É quase um terço do registado no ano passado e a área ardida é cerca de metade. Autoridades identificaram ou detiveram perto de 50 pessoas.
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Entre 1 de janeiro e 15 de março de 2021 arderam em Portugal quase dois mil hectares de mato e floresta, na sequência de mais de 500 incêndios. Queimas e queimadas são a causa principal. Desde o início do ano, a GNR deteve, pelo menos, seis pessoas e identificou 40 pela prática do crime de incêndio florestal.
De acordo com a Guarda, os incêndios de inverno resultam, essencialmente, do "uso do fogo para a queima de sobrantes agrícolas e florestais e renovação de pastagem para os animais". Por vezes, descontrolam-se e alastram a zonas de mato ou floresta. Só no fim de semana houve quase uma centena de incêndios em todo o país. Mais de 1200 pessoas envolvidas no combate. E houve necessidade de acionar vários meios aéreos. Peso da Régua, no sábado, e Tarouca, ontem, foram os concelhos com mais zonas de mato afetadas. E ainda estamos em março.
De acordo com fonte oficial da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, entre 1 de janeiro e 15 de março, foram registados "515 incêndios" e um total de "1935 hectares de área ardida", dos quais "1819 eram de matos".
Viseu com mais incêndios
A média dos últimos 10 anos é de "1526 incêndios", no mesmo período de tempo, pelo que em 2021 o número baixou para quase um terço. Já a área ardida total situa-se um pouco acima de metade de média da década, que ficou nos "3343 hectares".
Durante os primeiros dois meses e meio de 2021, o distrito de Viseu foi o mais afetado. O concelho de Castro Daire foi aquele em que ardeu mais área. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil não forneceu o número de hectares reduzidos a cinza.
O Instituto da Conservação da Natureza e Florestas não respondeu à pergunta feita pelo JN em tempo útil. De qualquer modo, não houve incêndios de inverno com especial gravidade, garante a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.
A GNR disse ao JN que, de 1 de janeiro a 14 de março de 2021, deteve "cinco pessoas pelo crime de incêndio florestal". Pela mesma razão "identificou 36". Em todo o ano 2020, "deteve 52 pessoas em flagrante delito" e "foram identificadas 380".
Pelo mesmo tipo de crime e já depois de 14 de março, a Guarda identificou quatro homens: um de 64 anos na localidade de Gache, Vila Real; dois, de 53 e 63 anos, em duas situações distintas em Mondim de Basto e em Vila Pouca de Aguiar; e um de 63 anos nas localidades de Vide e Cabeça, em Seia.
Detenções
Houve também detenções. No concelho de Mirandela, a GNR prendeu um indivíduo de 69 anos. Em Odemira foi a Polícia Judiciária que deteve um suspeito de ter ateado vários fogos nas localidades de São Teotónio e Zambujeira do Mar durante seis meses. É um desempregado de 26 anos.
Pormenores
Mais vegetação
Como o inverno foi propício ao crescimento de vegetação, a ANEPC aconselha a "garantir atempadamente a limpeza em torno dos aglomerados populacionais e habitações isoladas". Prazo termina em 15 de maio.
Sensibilização
A pandemia condicionou a GNR na realização de ações de sensibilização presenciais. A alternativa foram as plataformas eletrónicas, os meios de comunicação regionais e o contacto pessoa a pessoa.
Ações no terreno
A GNR já realizou este ano 3474 ações de sensibilização sobre os incêndios. Abrangeram 18 572 pessoas.
A reter
Licenciamento
A GNR avisa que é "obrigatório o licenciamento para a realização das queimadas e da comunicação prévia para executar as queimas". Aquando da utilização do fogo é necessário ter cautelas redobradas.
290 autos em 2021
Desde o início do ano e até 14 de março, a Guarda registou 290 autos por contraordenação, designadamente 246 em queimas e 44 em queimadas, por realização não autorizada ou por negligência na sua execução.
2020 menos grave No ano passado, também entre 1 de janeiro e 14 de março, a Guarda Nacional Republicana registou 32 autos de contraordenação por realização de queimadas não licenciadas e 146 autos por execução de queimas.
Investimento
O Governo prevê investimento de sete mil milhões de euros na floresta até 2030. Engloba equipamento de combate a incêndios e de prevenção, bem como a transformação estrutural da floresta, evitando a monocultura.
Máquinas pesadas
As organizações de produtores florestais e as comunidades intermunicipais vão dispor de uma bolsa com 63.