Postos do sistema Sincro detetaram um acréscimo de 87 mil viaturas em excesso de velocidade nos primeiros cinco meses do ano face a 2019.
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Os radares do Sistema Nacional de Controlo de Velocidade (Sincro) permitiram às autoridades apanhar mais aceleras, durante a pandemia. Face a 2019, nos primeiros cinco meses do ano, foram detetados em excesso de velocidade mais 87 mil veículos, graças aos radares, que registaram um total de 204 mil infrações (mais 73,9% do que no ano passado) e contribuíram para um reforço da fiscalização em 11 milhões de viaturas. Já o número de acidentes e vítimas mortais diminuiu no mesmo período.
Segundo o Relatório Mensal de Sinistralidade e Fiscalização, publicado ontem pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), só através dos 50 radares do sistema Sincro fiscalizou-se um total de 41 936 671 veículos, mais 37,8% do que nos primeiros cinco meses do ano passado, em que se fiscalizaram 30 422 323 viaturas. No total, foram averiguados "mais de 46 milhões de 500 mil veículos, quer presencialmente quer através da fiscalização automática", o que corresponde a um aumento de 31,2% face a 2019.
Entre as infrações, o maior destaque recai nos aceleras. O relatório indica que, num total de 530 mil infrações detetadas, 64,5% "corresponderam a excesso de velocidade". Mais concretamente, nos primeiros cinco meses do ano, somando todos os sistemas de controlo, foram apanhados 342 246 veículos em excesso de velocidade, mais 38,4% do que no ano passado, em que se registaram 247 226 daquelas infrações.
Segundo o relatório da ANSR, o excesso de velocidade é, aliás, a única infração a crescer. Todas as outras - como excesso do consumo de álcool, uso do telemóvel na condução ou ausência de cinto de segurança - diminuíram.
Menos acidentes e vítimas
"Em relação ao excesso de velocidade, o número de infratores aumentou 38,4% no total, devido essencialmente ao acréscimo de 73,9% nas infrações resultantes do Sincro", destaca-se no relatório. Ou seja, foram apanhados em excesso de velocidade 204 884 veículos contra os 117 848 dos primeiros cinco meses de 2019, o que se traduz em mais 87 036 viaturas.
Uma situação que, de acordo como o presidente da Prevenção Rodoviária, se deve à "diminuição do tráfego rodoviário", fruto do confinamento. "É um efeito que aconteceu em quase toda a Europa. Com a redução do tráfego, aumenta a velocidade média", explica ao JN José Manuel Trigoso.
Se durante a pandemia cresceram as infrações, todos os indicadores de sinistralidade diminuíram. Segundo a ANSR, houve menos 63,8% de acidentes com vítimas, menos 63 mortes, menos 226 feridos graves e menos 5824 feridos ligeiros.
Ainda assim, para José Manuel Trigoso, "é cedo" para se tirar conclusões quanto à eficácia do sistema Sincro na redução da sinistralidade rodoviária.
Maior parte dos acidentes ocorre sexta-feira à tarde
A maior parte dos acidentes rodoviários ocorre às sextas-feiras, apesar de uma quebra de 32,7% nos primeiros cinco meses do ano face ao mesmo período de 2019. Este ano, registaram-se 1942 acidentes no último dia útil da semana. No ano passado, foram 2217.
"A sexta-feira foi o dia em que se verificou um maior número de acidentes com vítimas (16%), de vítimas mortais (19,8%) e de feridos leves (15,8%)", lê-se no relatório da Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária (ANSR), em que se destaca que, quanto aos feridos graves, a maior parte dos acidentes ocorreu ao domingo. "Quanto ao período horário, a maior incidência de acidentes verificou-se entre as 15h e as 21 horas", acrescenta-se no relatório, revelando-se ainda que Lisboa (2109 acidentes com vítimas) e Porto (1678 acidentes com vítimas) são os distritos com maior sinistralidade. Já Bragança e Évora são os distritos com maior decréscimo, -42,3% e -39,8%, respetivamente.
Morrem 131 pessoas
Nos primeiros cinco meses do ano, registaram-se 9297 acidentes com vítimas, que resultaram em 131 mortos, 618 feridos graves e 10 826 feridos ligeiros.
Vítimas de despistes
Os despistes são a principal causa de morte (44,3%). Ainda assim, nesse capítulo, houve menos 17 mortes e 56 feridos graves. Também morreram menos quatro pessoas atropeladas e menos 42 em colisões.
Com bom tempo
A maioria dos acidentes ocorreram em arruamentos, dentro das localidades (79,9%), com bom tempo (80,8%) e envolveram automóveis (75,9%).