O secretário-geral do PCP recebeu hoje um cravo bordado pelas mãos de operários fabris de Castanheira do Ribatejo, assim como o apoio expresso destes na CDU, gesto que não deixa Paulo Raimundo ser pessimista.
Corpo do artigo
Junto à fábrica da EXIDE, em Castanheira do Ribatejo, no concelho de Vila Franca de Xira, Paulo Raimundo recebeu primeiro um abaixo-assinado de 160 trabalhadores daquela empresa a manifestar o seu apoio à CDU e, logo depois, um cravo bordado pela célula do PCP na mesma empresa.
“Depois querem que eu seja pessimista. Eu não posso estar pessimista”, disse o líder comunista, dirigindo-se aos jornalistas.
Antes de chegar a hora da troca de turnos daquela fábrica que produz baterias, Paulo Raimundo dizia que tinha pilhas que “não acabam”, recusando qualquer tipo de lirismo sobre as expectativas para 18 de maio.
Com “pés bem assentes na terra”, o secretário-geral do PCP vincou que está confiante que será possível reforçar em Setúbal, em Lisboa e no Porto, bem como recuperar um deputado em Beja.
Junto à empresa, Paulo Raimundo ouviu os elogios do delegado sindical, que dizia que o PCP preocupava-se “com os trabalhadores e com os seus direitos”.
Depois dos elogios, o líder comunista admitia ter já “o dia de campanha feito”, se a comunicação social desse voz “a esta gente”.
À agência Lusa, Ricardo Santos, que trabalha há oito anos na empresa onde é delegado sindical, disse que decidiram manifestar o apoio à CDU, por ser esta a única força “que vem à empresa lutar pelos nossos direitos”.
“Eles apoiam-nos, então claro que nós vamos apoiar quem nos apoia”, disse, referindo que o trabalho na empresa é duro, face aos turnos rotativos contínuos e o manuseamento de produtos tóxicos.
“Queremos compensação salarial, mas sobretudo qualidade de vida, que por mais dinheiro que possamos ter, sem saúde, não conseguimos aproveitar o tempo com a nossa família”, afirmou.
Outro trabalhador que não deu o nome confirmava o desgaste inerente àquele trabalho, “por causa dos turnos, da lã de vidro, do chumbo, do ácido sulfúrico, da pressão”.
“Não é um trabalho fácil”, vincava, dizendo também que o PCP foi o único partido que os apoiou, “à chuva ou ao sol”, e que nunca deixou os trabalhadores daquela empresa na mão.
Arménio Carlos diz que “os cordeirinhos” já mostram a sua verdadeira pele
O antigo secretário-geral da CGTP Arménio Carlos afirmou, esta sexta-feira, que, no contexto da greve da CP, “os cordeirinhos” começam a mostrar a sua verdadeira pele, acusando o ministro Miguel Pinto Luz de ser “um catavento”. O antigo líder daquela central sindical, que se juntou na Amadora ao secretário-geral do PCP, abordou a discussão dos últimos dias sobre a greve da CP e as declarações do Governo, que admite a possibilidade de se alterar a lei da greve.
“Nos últimos dois dias, aqueles que andavam como cordeirinhos já começaram a mostrar a sua verdadeira pele de lobos. Aí estão eles a dizer que é preciso mexer na lei laboral, que é preciso tocar na lei da greve”, criticou. Arménio Carlos apelidou ainda o ministro das Infraestruturas de um “embuste”.
“Recordamos que em 2015 o secretário de Estado das Infraestruturas chamava-se Miguel Pinto Luz e, dois dias depois da moção de rejeição que derrotou o Governo de Passos Coelho, acabou por viabilizar a privatização da TAP”, disse.
Segundo o antigo secretário-geral da CGTP, Miguel Pinto Luz é “um novo catavento”.
“Aquilo que ontem podia ser feito, hoje já não pode ser feito”, afirmou.
Durante o discurso, Arménio Carlos rejeitou a ideia de cansaço em se votar “pela liberdade, pela democracia e pelo futuro do país”.
“O que estamos é fartos da política que inferniza as nossas vidas, fartos da política que é cínica e hipócrita, que elogia o trabalho mas trata mal os trabalhadores, divide e castiga os de baixo para premiar os de cima”, afirmou.
O antigo dirigente sindical considerou que é necessário reafirmar mais e melhores serviços públicos para “derrotar a visão liberal dos ‘motosserras’ e também da AD”.