O desfile da CDU em Lisboa atraiu este domingo milhares de pessoas à Baixa, com o secretário-geral do PCP a destacar a grande mobilização e o crescimento até às eleições legislativas de dia 10.
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"Esta é mais uma grande demonstração de força. Começámos a campanha com um grandioso comício no Porto e hoje estão as ruas cheias em Lisboa. Tenho dito que a CDU está a crescer, está a alargar. Dúvidas houvesse, está aqui a demonstração clara disso", afirmou Paulo Raimundo, à frente da arruada com destino ao Rossio, onde decorre o comício de hoje e marcam presença os antigos líderes comunistas Jerónimo de Sousa e Carlos Carvalhas.
Em declarações aos jornalistas, Raimundo rejeitou que a presença dos anteriores secretários-gerais seja uma resposta aos outros partidos que já levaram os seus antigos líderes até à campanha, como a AD ou o PS, mas frisou ter "muito orgulho" em contar com os seus antecessores na liderança comunista.
"O que os outros partidos não trouxeram foram as soluções para o país. Nós estamos a trazer tudo isso para a campanha. Contamos com todos e fico com muito gosto que os meus camaradas Jerónimo de Sousa e Carlos Carvalhas estejam hoje aqui. Mas têm estado pelo país fora a fazer campanha, não têm é estado a acompanhar o secretário-geral até agora. Vão estar aí hoje e é com muito orgulho que os recebo na campanha", declarou.
Num desfile onde contou também com a presença dos candidatos a deputados António Filipe (PCP) ou Mariana Silva (PEV), Paulo Raimundo recebeu ainda um cumprimento da ex-secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha. Pouco atrás do líder comunista seguia também o novo líder da organização intersindical, Tiago Oliveira, num percurso que foi ainda acompanhado por alguns seguranças a controlar a área em torno da liderança da marcha.
Paulo Raimundo enfatizou os "largos milhares" na baixa lisboeta e reiterou que a CDU "está com vida e com as ganas todas", mostrando-se confiante na atração dos muitos eleitores que permanecem indecisos a uma semana das eleições.
E, confrontado com a presença do primeiro-ministro, António Costa, na campanha do PS e um eventual impacto no voto útil que possa afetar os comunistas, o secretário-geral do PCP descartou uma repetição das últimas eleições.
"Essa conversa do voto útil já não cola. Colou há dois anos, sabemos da forma que colou, mas já não cola, porque as pessoas já perceberam que a vida só avança com a força e os deputados que a CDU tiver. Quem caiu uma vez em 2022, já não volta a cair nessa escorregadela", concluiu, antes de chegar ao Rossio para a última ação de campanha de hoje.
Jerónimo na campanha da CDU
O antigo secretário-geral do PCP Jerónimo de Sousa surgiu hoje na campanha eleitoral da CDU para afirmar a importância de concretizar convergências e garantiu que não haverá qualquer dificuldade da parte dos comunistas para esse cenário.
"Considero que da parte do PCP e da CDU não haverá qualquer dificuldade em alcançar convergências em torno da defesa dos salários, da segurança social, do Serviço Nacional de Saúde, da habitação, sei lá quantas causas podem juntar esses democratas e patriotas na procura de uma vida melhor", garantiu.
Na sua primeira presença nesta campanha ao lado do atual secretário-geral, Paulo Raimundo, a quem deu um abraço na chegada ao Rossio, Jerónimo de Sousa reiterou que os eventuais parceiros à esquerda "podem contar com uma só palavra" do PCP e da CDU, reconhecendo ser importante passar das intenções aos atos.
"Sempre que exista convergência em torno de causas profundas, de direitos fundamentais, se existir essa possibilidade, é importante essa concretização", frisou.
Para o ex-líder comunista, "é possível um bom resultado" da CDU nas eleições legislativas de dia 10 e deixou um recado aos que perspetivam o desaparecimento do PCP do parlamento.
"A campanha tem sido interessante, embora acolitada por uma ideia de que vocês já perderam, vocês correm o risco de desaparecimento... eu sei lá quantas rezas e quantas pragas não fizeram e a CDU aqui está. Com força, com confiança, determinada a reforçar para bem dos trabalhadores, dos portugueses e de Portugal, na certeza de que a CDU vai avançar e vai conseguir os seus objetivos nesta campanha", avisou.
Sublinhando a sua certeza de que a arruada de hoje "ainda não será a última" que faz pela CDU, Jerónimo de Sousa lembrou a sua experiência eleitoral de quatro décadas.
"Tenho uma vantagem que não têm. Já estou há muitos anos em campanhas eleitorais, há mais de 40, e sempre vaticinaram a desgraça para a CDU. Erraram. Temos a convicção hoje na ideia que é possível alargar a convergência com democratas, com patriotas, com aqueles que são vítimas da política de direita", observou, resumindo o futuro da CDU: "Será com o Paulo, será com o Carvalhas, será comigo, será com esta massa imensa que vai dar a volta a isto".