Antigo presidente manifestou dúvidas sobre regionalização.
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Ramalho Eanes, ex-presidente da República, deposita no Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) a esperança para o futuro económico de Portugal. Durante uma conferência sobre os 48 anos de Democracia, que decorreu em Fafe, o general foi direto na análise do principal problema do país, a fragilidade da economia.
"Espera-se e deseja-se que esses fundos tenham melhor resultado para a economia portuguesa do que os que recebeu nos últimos 30 anos. Contribuíram para alguma coisa, é certo, mas não para um crescimento económico sustentado", criticou Ramalho Eanes, numa sessão promovida pelo Município de Fafe com a moderação de Luís Marques Mendes.
Consensos na sociedade
Durante a exposição sobre o passado e o futuro do país, Ramalho Eanes focou-se muito na vertente económica, a base da solução de todos os outros problemas. "Portugal tem uma situação económica vulnerável, estamos mais pobres. Fizemos muito mas ficamos aquém do desejado para fazer face aos desafios", defendeu, sugerindo que o país precisa de consensos na sociedade para "reformas ambiciosas" em várias áreas, sem serem "perturbadas pelos ciclos eleitorais".
Ramalho Eanes assumiu que já defendeu a regionalização administrativa mas, nesta altura, tem "grandes dúvidas" porque Portugal tem "meios financeiros fracos" e não há dados concretos para uma decisão. "Não deve ser uma questão discutida levianamente mas deve ser discutida na sociedade depois de um estudo com custos e benefícios. Não disponho de dados de análise para emitir uma opinião".