O navio cargueiro com pavilhão português “Kathrin” transporta explosivos e parte da carga tem como destino uma empresa de armamento israelita, confirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel. Partidos e organizações internacionais denunciaram o caso e o ministro foi chamado ao Parlamento.
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Em entrevista ao jornal "Público" e à Rádio Renascença, Rangel assumiu que o destino final de parte da carga, que anteriormente foi identificada como explosivo "RDX", é Israel. "É um material explosivo, mas de facto as empresas que são o destino final todas elas fabricam armamento – sobre isso não há dúvidas –, embora com uma cláusula que exclui as armas de destruição maciça", explicou o governante. O material a bordo do navio será entregue a três fabricantes de armamento, na Polónia, Eslováquia e Israel.
O "Kathrin" foi impedido de atracar na Namíbia devido ao destino da carga e tem sido alvo de várias denúncias, por alegadamente fornecer material de guerra que será utilizado em Gaza. Paulo Rangel foi já chamado ao Parlamento, para responder na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros sobre o tema. Apesar de Portugal proibir a exportação de armas para Israel, o ministro sublinha, na mesma entrevista, que os explosivos são de "uso duplo", ainda que reconheça que o destino final, depois de o transporte atual terminar em dois portos do Adriático, sejam empresas de armamento.
No final de agosto, já depois de questões do BE e do PCP sobre a matéria, o ministro esclareceu que não existia um navio português a transportar armamento para Israel, depois de contactos feitos pelo Governo para apurar a denúncia. “Não é um navio português, mas com um pavilhão português. É um navio alemão”, disse Paulo Rangel na altura, adiantando, após contacto com o navio, poder assegurar que a embarcação “não vai para Israel” e que tinha como destino dois portos, na Eslovénia e no Montenegro.
Sobre este caso, Rangel diz não haver "nenhuma razão jurídica efetiva à data para retirar o pavilhão", mas, no entanto, "pode haver razões de índole política, com certeza", e lembrou que "este Governo proibiu este mês o sobrevoo de um avião que vinha dos Estados Unidos para Israel com armamento".