Raparigas bebem mais do que os rapazes e consomem mais canábis do que há dez anos
Na última década, o consumo de substâncias ilícitas, como canábis, diminuiu globalmente entre os jovens de 18 anos, mas aumentou entre as raparigas. Apesar de o consumo de álcool estar em queda em ambos os sexos, elas bebem mais do que eles.
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Segundo o relatório sobre comportamentos aditivos aos 18 anos, divulgado esta quarta-feira pelo Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD), as prevalências de consumo de bebidas alcoólicas "mantêm-se muito elevadas", com 76,9% dos inquiridos a admitirem o consumo pelo menos uma vez na vida, 74,2% nos 12 meses anteriores ao inquérito e 58,6% no último mês. Analisando apenas os dados relativos ao consumo ao longo do último ano, a incidência diminuiu quase 10 pontos percentuais (p.p.) entre 2015 e 2024, passando de 83,% para 74,2%. Porém, a diminuição é mais significativa entre os consumidores do sexo masculino e ultrapassou mesmo o sexo oposto: em 2024, 72,5% dos rapazes beberam álcool nos últimos 12 meses, face a 76,1% das raparigas. Desde 2022 que o consumo de álcool é mais elevado nas raparigas do que nos rapazes. Em cada 10 jovens, cinco beberam de forma "binge", ou seja, ingeriram grandes quantidades de álcool num curto espaço de tempo, e três a quatro embriagaram-se severamente, nos 12 meses anteriores.
O relatório do ICAD mostra também que o consumo de tabaco "tem uma expressão bastante inferior, mas, ainda assim, de dimensão relevante", já que 43,8% dos jovens de 18 anos já fumaram pelo menos uma vez na vida e 37,7% fê-lo nos últimos 12 meses antes do inquérito e 28,5 nos 30 dias anteriores. Em 2015, mais de metade dos jovens tinha fumado no último ano (51,7%). Ainda que o consumo tenha baixado em ambos os sexos, a queda é menos evidente entre as mulheres: em dez anos, a percentagem só reduziu 0,6 p.p.
Acerca das substâncias ilícitas, um quarto (25,7%) dos jovens declaram já ter consumido pelo menos uma vez na vida, 20,8% nos últimos 12 meses e 11,6% nos 30 dias antes do inquérito, sendo a canábis, "a larga distância, o tipo de produto ilícito consumido por mais jovens". Comparando os dados do ano passado com os de 2015, é possível assistir a uma diminuição global do consumo, de 23,6% para 20,8%, no caso das substâncias ilícitas, e de 22,6% para 19,6% apenas em relação à canábis, mas o consumo entre as raparigas aumentou. As jovens de 18 anos também consomem hoje mais tranquilizantes/sedativos sem receita médica do que há 10 anos (de 4,2% para 5,1%), apesar de o consumo global ter diminuído 0,6 p.p.
Problemas associados ao consumo
Globalmente, os 91 898 inquiridos que constituem a amostra apontam para uma diminuição dos consumos de álcool, mas a "prevalência de qualquer problema relacionado com o consumo aumentou consideravelmente (de 19% para 31% no total de inquiridos e de 20% para 32% entre os consumidores recentes)", entre 2016 e 2024. O envolvimento em relações sexuais desprotegidas e situações de mau-estar emocional ajudam a justificar a subida, mais expressiva entre as raparigas.
A mesma realidade é constatada no consumo de substâncias ilícitas, cuja prevalência de qualquer problema relacionado subiu de 9% para 16% na amostra global e de 22% para 32% entre os consumidores. Os problemas apontados são os mesmos do que no caso do álcool.