O líder da Federação Nacional de Professores quer sair do "beco sem saída" para onde Tiago Brandão Rodrigues, acusa Mário Nogueira, "empurrou" as organizações sindicais ao impor um bloqueio negocial. Se o atual ministro for conduzido na pasta, avisa, será "uma provocação" para os professores.
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"Não nos compete nomear, se for é. O que vai marcar a legislatura não é se vai ser Tiago Brandão Rodrigues, João Costa ou Mariana Vieira da Silva, o que importa é a disponibilidade para ouvir e dialogar", sublinhou aos jornalistas, esta sexta-feira Mário Nogueira.
O líder da Fenprof assume que a manter-se o atual ministro da Educação isso seria "uma provocação" e "desmoralização dos professores" devido ao "bloqueio negocial" e à falta de respostas para os problemas da carreira que agravam a falta de professores nas escolas. Ontem, estavam por preencher em oferta de escola 489 horários o que pode corresponder entre 30 mil a 50 mil alunos sem, pelo menos, um dos professores, estima Nogueira.
Na última reunião com Tiago Brandão Rodrigues, há dois anos, garante Nogueira o ministro terá dito aos sindicatos que se não aceitassem as propostas do Governo relativas à recuperação do tempo de serviço iriam por um "beco sem saída". "Não precisamos de autoestradas" mas o caminho, frisou, não pode conduzir a um beco, caso contrário a Fenprof está preparada para iniciar a legislatura com uma "retroescavadora".
A negociação relativa à revisão do regime de concursos há muito prometida precisa de avançar, sublinha, assim como eliminadas as vagas de acesso ao 5.º e 7.º escalões de carreira e a avaliação por quotas.
"Há muito desencanto. Há muita vontade de sair para a aposentação e isso é muito mau. Precisamos de alguém que respeite os professores", defende em jeito de recado a António Costa. O Governo, frisa, não "precisa de inventar" uma nova carreira para captar jovens para a docência, basta que se recupere o tempo de serviço, que se desbloqueie as progressões sem vagas e que em regiões de maior carência, como Lisboa ou Algarve, se complete os horários incompletos, defende.
A petição relativa aos horários, revelou Nogueira, já ultrapassou e muito as 7500 assinaturas para ser entregue no Parlamento. O pedido de reunião ao próximo presidente da Assembleia da República será entregue no dia seguinte à sua tomada de posse. A Federação está a recolher assinaturas para outra petição que pede a "urgente avaliação e revisão" do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES). No dia 10, a Fenprof irá entregar junto da delegação da Comissão Europeia um documento "com exemplos concretos" e parecer jurídico na sequência da ação contra o Estado português por Bruxelas devido à discriminação salarial entre docentes contratados e de quadro.
A Fenprof promete "acompanhar e intervir" na discussão do programa do Governo e do Orçamento do Estado.