A Rede Expressos e a CP são as empresas mais visadas. Já os atrasos dos serviços o principal motivo da insatisfação dos utentes.
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As queixas contra os transportes continuaram em alta no ano passado e, em média, registaram-se 81 por dia. Os operadores de transportes rodoviário e ferroviário representaram 93,7% das reclamações recebidas. Os incumprimentos de horário, as críticas à conduta dos funcionários e o cancelamento de serviço e supressões foram os motivos de mais insatisfação apontados pelos passageiros.
A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) recebeu 29 586 reclamações em 2024, depois das 29 674 em 2023. Trata-se dos dois anos com mais desagrado por parte dos passageiros que utilizam os autocarros, comboios, metros ou barcos, mais 30% se recuarmos até 2022 ou 2019, o ano antes da pandemia.
À cabeça das queixas está a rodovia, com 19 624 reclamações. A maioria são atribuídas ao transporte rodoviário de passageiros (10 617) e ao aluguer de veículos (3943). Já a Rede Nacional de Expressos (1740) e a Carris – Companhia Carris de Ferro de Lisboa (1206) são as entidades mais reclamadas. No fundo da tabela, com menos insatisfeitos, aparece a Transportes Metropolitanos de Lisboa (592).
O incumprimento de horário (1654) e a crítica à conduta de funcionário (1573) são os motivos que originaram mais reclamações, seguindo-se o cancelamento de serviço e supressões (1434), os títulos de transporte (1035) e incumprimento de paragem (666).
Mais receita e mais queixas
No transporte ferroviário, o comboio reúne a maioria das queixas (5962), seguindo-se o sistema de metro, metro ligeiro de superfície e elétricos urbanos (1985). A CP – Comboios de Portugal, que em 2024 teve um recorde de passageiros e receitas, lidera na lista das entidades mais reclamadas na ferrovia, com 5454 queixas. A Fertagus, que assegura a travessia do Tejo, só recebeu 508. O incumprimento de horário está novamente no topo da insatisfação, bem como os títulos de transporte, por falta de validação.
O relatório da AMT, a que o JN teve acesso, aponta que na categoria dos sistemas de metro, o Metropolitano de Lisboa (1528) recebeu quatro vezes mais reclamações do que o Metro do Porto (350). E o motivo mais apontado está relacionado com as infraestruturas auxiliares, como as escadas rolantes e elevadores. Por fim, a Transtejo Soflusa (749) foi o operador mais visado pelos passageiros do transporte fluvial, seguindo-se a Atlantic Ferries (86). O motivo mais invocado pelos utentes foi o cancelamento de serviço e supressões.
A AMT recebeu ainda 179 elogios endereçados aos operadores, nomeadamente para a Rodoviária de Lisboa e a Viação Alvorada Lda. Os números das queixas e dos elogios são registados através dos formatos físico e eletrónico do livro de reclamações e dos canais da Autoridade.