Serão mais de 1500, é seguro, começam a chegar em finais de outubro, serão trazidos pelas equipas que estão ser constituídas para ir aos países onde estão em centros de acolhimento (mormente Grécia e Itália) e não serão encaminhados para campos.
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A garantia do ministro adjunto e do Desenvolvimento é a de que os refugiados que Portugal vai acolher terão habitações autónomas sempre que possível, com apoio das autarquias, ou seguirão para instituições, longe da guetização de experiências passadas.
Miguel Poiares Maduro - que anunciou ontem a criação de um "grupo de coordenação" técnica - falava na Presidência do Conselho de Ministros, estrutura que assume a coordenação política da vinda de refugiados. Questionado sobre a capacidade real do país para receber migrantes, Poiares Maduro preferiu não avançar contas certas, sendo certo que o número será definido pela Europa. E que ultrapassará os 1500 definidos há semanas. O aumento das chegadas à Europa, documentadas diariamente, obriga à revisão das contas feitas em julho.
"A Europa como um todo tem obrigatoriamente que receber pessoas com estatuto de refugiado, ao abrigo do direito de asilo", recordou, num recado que pode servir para estados-membros como a Hungria, que ontem protagonizaram episódios que atiram a memória para imagens de há 70 anos - perante mais de duas mil pessoas na estação central de Budapeste, o governo de Viktor Orban meteu-as num comboio alegadamente a caminho da Áustria e travou-o 40 quilómetros depois, perto do campo de refugiados de Bicske, gerando situações de desespero entre os migrantes.
Mas Poiares Maduro prefere não comentar diretamente a ação húngara. Nem as declarações de Orban, que ontem esteve em Bruxelas num bate-boca com o presidente da Comissão Europeia. Que está a respeitar regras europeias e que a culpa é da Alemanha, cuja chanceler pediu à Hungria para "registar todos" os refugiados. "O problema não é europeu, o problema é alemão. Ninguém quer ficar na Hungria, nem na Eslovénia nem a Polónia, nem na Estónia. Todos querem ir para a Alemanha", disse Orban, que construiu uma vedação na fronteira, invoca Schengen em todos os discursos e somou às polémicas declarações uma outra, num jornal alemão: a vinda em massa de refugiados põe em causa as raízes cristãs da Europa. Da solidariedade que é princípio do cristianismo não falou Orban, lembrou-lhe o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.
A Jean-Claude Juncker caberia atualizar contas, prometer medidas para a próxima quarta-feira e pedir que os Estados-membros recebam os 120 mil refugiados que estão na Hungria, Grécia e Itália, a somar aos 32 mil que se tinham comprometido a receber. Depois de a Comissão ter desistido das quotas obrigatórias para cada país, por falta de consenso, terá mesmo que voltar a elas, por indicação da Alemanha e da França.
Por cá, esperam-se indicações que poderão sair do Conselho Europeu de dia 14. O grupo de coordenação agirá em articulação com autarquias e a Plataforma de Apoio aos Refugiados que reúne organizações civis com tradição nestas situações. Foi-lhes já pedido um levantamento de necessidades e de opções de acolhimento, numa altura em que se multiplicam os anúncios de disponibilidade de autarquias e instituições.