Área Metropolitana do Porto encabeça diagnósticos positivos, com uma mancha de concelhos contíguos com grande prevalência: Valongo, Porto, Maia e Gondomar. Média nacional distorce realidades locais díspares.
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A Área Metropolitana do Porto foi, de todo o país, a região com mais casos diagnosticados de Covid-19 em março. Valongo, Porto, Maia e Gondomar têm mais de 30 diagnósticos positivos por 10 mil habitantes. Mas foi em Aveiro e Braga que a mortandade se instalou: nas duas regiões, o número de mortes aumentou 25%, quando comparado com o mesmo mês do ano passado. Pelo contrário, nas Beiras e serra da Estrela, morreu menos gente.
Para avaliar o impacto da Covid-19, o Instituto Nacional de Estatística (INE) comparou as mortes sucedidas em março de 2019 e de 2020 (não é ainda possível desagregar por causa de morte, mas a variável principal é a Covid-19). Os dados mostram que, no país, morreram 10 224 pessoas, mais 233 do que no ano anterior, mas menos 277 do que em 2018 - um ano recorde. Visto desta forma, poderia pensar-se que o impacto do primeiro mês de Covid-19 no país foi negligenciável. Mas a análise regional leva a conclusões diferentes.
Há regiões com aumentos significativos do número de mortes, de um ano para o outro. A maior variação é a da Região de Aveiro. As contas são feitas à proporção: por cada cem mortes ocorridas em 2019, este ano houve 126 mortes. Os números têm tido reflexo nas notícias de lares que são arrasados pela Covid-19, como o da Santa Casa da Misericórdia aveirense, ou no cordão sanitário que continua a confinar o concelho de Ovar.
Se a Região de Aveiro está em primeiro lugar, o Cávado está quase ao mesmo nível: por cada centena de óbitos em março do ano passado, tem agora 125. As regiões seguintes são a Lezíria do Tejo (115), o Alentejo Litoral (112) e Terras de Trás-os-Montes (111). A Área Metropolitana do Porto acumulou 110 mortes, no mês passado.
"A incidência da pandemia no território não se tem verificado de forma homogénea", constata o INE. Dos 308 municípios, em quase metade (143) morreram mais pessoas do que na média dos dois anos anteriores.
Porto em primeiro lugar
A Área Metropolitana do Porto está em sexto lugar no número de mortes, mas em primeiro nos diagnósticos positivos de infeção. Por cada 100 mil habitantes, eram confirmados 23 doentes com Covid-19. Em contraste, a Área Metropolitana de Lisboa tem oito diagnósticos positivos.
Uma desagregação mais fina ajuda a encontrar a causa da concentração no Norte. Olhando apenas para as maiores cidades, a disseminação da doença é mais grave em Valongo (41 casos por 10 mil habitantes), Porto (35), Maia (35) e Gondomar (34). São quatro concelhos contíguos, que formam um mancha ininterrupta, capaz de sobrecarregar os serviços de saúde. Numa lógica isolada, os concelhos de Resende e Ovar são os que têm mais diagnósticos positivos: 50 ou mais, por 10 mil habitantes.