Há quatro casos de miocardite e um de pericardite no grupo dos 12-17 anos. Carmo Gomes fala em dados "tranquilizadores" e abaixo do esperado.
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Com 79% do grupo dos 12 aos 17 anos com imunização completa, os dados do Infarmed mostram um caso suspeito de reação adversa por cada 10 mil doses administradas. Em mais de meio milhão de inoculações, foram notificados 65 casos de suspeitas de reação adversa. Dos quais quatro miocardites e uma pericardite. "Dados bastante positivos e tranquilizadores", diz Carmo Gomes, da Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19.
De acordo com dados facultados ao JN pela Autoridade Nacional do Medicamento, para um total de cerca de 540 mil doses de vacinas administradas, foram notificados, até ao passado dia 20 de setembro, 65 casos de suspeitas de reação adversa. Correspondendo a 1 caso por 10 mil vacinas administradas, quando as restante faixas etárias, exceto acima dos 80 anos, registam 1 caso por 1000.
Daqueles 65 casos, 41 "foram classificados como graves (incluindo casos de hospitalização ou casos "clinicamente importantes", isto é, situações que possam ter motivado uma observação médica)". Entre os quais, precisam, foram notificados quatro casos de miocardite e um de pericardite.
Com exceção de um caso que está "ainda em recuperação", os restantes quatro estão já recuperados. Numa distribuição por género, contam-se dois casos notificados no sexo feminino e três no masculino. Registando-se, ainda, um caso de MIS - síndrome inflamatória multissistémica, "totalmente recuperado".
Já no que às reações adversas no grupo dos 18-24 anos concerne, "foram notificados um caso de miocardite (género feminino, com recuperação completa) e um caso de pericardite (género feminino, em recuperação)". Sem registos de MIS.
Neste grupo, em cerca de 700 mil doses de vacinas administradas, foram notificados 708 casos de suspeitas de reação adversa (1 por cada 1000 vacinas), dos quais 304 foram classificados como graves. Nos dois grupos etários em análise não há registo de óbitos.
Dados "reconfortantes"
Ao JN, o epidemiologista Manuel Carmo Gomes mostra-se "bastante surpreendido" com os dados agora conhecidos. Pela positiva. "São dados bastante positivos e tranquilizadores quando comparado com aquilo que estávamos à espera". Na altura, tomaram por base os indicadores dos EUA, com 11 milhões de vacinas administradas em crianças.
Os dados do Infarmed mostram uma "frequência de 0,93 miocardites por 100 mil doses administradas; no caso do EUA, quando a decisão foi tomada, apontava-se para 3,9 por 100 mil, é quatro vezes menos". E nos 18-24 anos "é ainda inferior - 0,29 por 100 mil".
Para o especialista, os "números são reconfortantes face ao que se previa, nomeadamente as miocardites". Uma "boa notícia", com os "benefícios a superarem claramente os riscos", conclui Carmo Gomes.
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Frequência
Os dados de farmacovigilância do Infarmed apontam para uma frequência de 0,93 miocardites por 100 mil doses administradas na faixa etária dos 12-17. Nos jovens (18-24) é ainda mais baixa: 0,29.
Esquema completo
De acordo com o último relatório de vacinação da Direção-Geral da Saúde (dados até dia 26), na faixa etária 12-17 anos, 79% têm o esquema vacinal completo. No grupo 18-24 são já 84%.
Reações adversas
No final de agosto, o relatório de farmacovigilância do Infarmed, para um total de 14,7 milhões de doses de vacinas administradas, apontava para um caso de reações adversas por cada mil vacinas.