Novo estudo de palentólogos australianos detetou práticas canibais através de fósseis com 514 milhões de anos.
Corpo do artigo
O canibalismo é comum entre milhões de espécies modernas de artrópodes (determinados animais invertebrados), como o louva-a-deus, que come o companheiro depois de acasalar, mas a prática, sugere um novo estudo, é muito mais antiga do que se pensava.
A investigação, publicada em fevereiro na revista científica "Paleogiography, Paleoclimatology, Paleocology", descobriu evidências de canibalismo entre uma população fossilizada de criaturas marinhas com 514 milhões de anos, na ilha Emu, na costa do sul da Austrália. Trata-se "do registo mais antigo de canibalismo" a partir de fósseis, remontando ao início do período cambriano, 50 milhões de anos antes do que a comunidade científica pensava até aqui.
As trilobitas - assim denominadas por causa dos seus corpos trilobados (divididos em três lóbulos) - são artrópodes marinhos extintos que, embora se assemelhem a piolhos, estão na verdade mais relacionados com a aranha-do-mar e o caranguejo-ferradura. À medida que as presas desenvolviam exoesqueletos mineralizados e conchas para proteção, evoluíam também os primeiros predadores da mesma espécie capazes de abrir essas carapaças para devorar a carne no interior.
Uma equipa de palentólogos da Universidade da Nova Inglaterra, na Austrália, liderada pelo paleontólogo Russell Bicknell, estudaram os restos fossilizados de 38 trilobitas feridas recuperadas de uma formação rochosa na Baía de Emu, conhecida pela excecional preservação de espécimes fósseis, que ainda retêm vestígios das partes moles do corpo que normalmente acabam por desaparecer após a morte.
Atráves de ferimentos exteriores e fezes fossilizadas, os especialistas detetaram evidências da prática de canibalismo nos animais. A trilobite tinha um exoesqueleto forte, como um caranguejo ou uma lagosta, sendo que, quando se protegia de ataques, a sua estrutura exterior ficava marcada por mordidas, com partes esmagadas e outras em falta.
