O reitor da Universidade do Porto defende uma reformulação urgente do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), por causa do contexto da guerra. Caso não seja feito, António Sousa Pereira teme que aqueles fundos comunitários possam "não servir para nada".
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"Tenho muitas duvidas sobre a exequibilidade do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) porque foi planeado num contexto diferente do atual", começou logo por afirmar o reitor da Universidade do Porto, António Sousa Pereira, ao participar na Convenção Nacional de Saúde, que decorre, esta quarta-feira, na Ordem dos Médicos.
É que, para o reitor da Universidade do Porto a guerra veio alterar tudo, nomeadamente ao nível dos preços de empreitadas e dos prazos. "Na Universidade do Porto perdemos dois empreiteiros, porque fica mais barato pagar multas do que suportar as variações de preços. É este o cenário que vamos ter pela frente", revelou António Sousa Pereira.
Por isso, o reitor considera "urgente" que se revejam as regras do PRR. "Uma das coisas que vamos ter que lutar é por rever os prazos e as regras dos concursos associados ao PRR, sob pena de o PRR não vir a servir para nada. É preciso lutar pela reformulação do PRR", avisou, apontando que atualmente as empresas já têm dificuldades em projetar preços à semana quanto mais a um horizonte superior a um mês.
Por isso, António Sousa Pereira aconselha que se olhe para o PRR "com alguma modéstia". "O PRR apareceu como uma boia de salvação que nos vai dar, na prática, a possibilidade de modernizar algumas infraestruturas e equipamentos mas que, na realidade, são ações que deveriam ter ocorrido ininterruptamente ao longo dos últimos 14 anos", apontou o reitor da Universidade do Porto.
António Sousa Pereira considerou, nesse sentido, que na área da saúde não está garantido que o PRR seja uma "ferramenta importante". "Um dos problemas do setor da saúde está relacionado com o fator humano e não tecnológico", justificou, defendendo a aposta na medicina preventiva e não curativa.
O residente da Administração Central do Sistema de Saúde, Victor Herdeiro, admitiu que "há uma alteração estrutural de preços", por causa da guerra, "que tem que ser tida em conta". E garantiu: "Isso está a ser avaliado pela Tutela".