Somos aquilo que somos devido às nossas circunstâncias. Hoje, a nova cultura dos média não garante necessariamente um nível de qualidade.
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Reagimos mais pela emoção do que pela razão. Ainda agora, a propósito da vinda do Papa a Portugal, inquéritos rápidos a gente rotulada de "famosa" revelam ligeireza dos inquiridos, incapazes de análises serenas da realidade.
Pouco importará dizer a gente tão "famosa", com imagem televisiva, que Bento XVI é apreciado justamente pelo alto nível da sua cultura e que, mesmo nas medidas canónicas de disciplina para desmandos da Igreja, em particular os desvios dos seus padres, foi pioneiro na denúncia e tem uma prática, agora como Papa, de tolerância zero para a pedofilia, aceitando a resignação de bispos que pecaram pelo silêncio.
Outra questão relacionada com a visita a Portugal é a relação da Igreja com o Estado português. Quem define bem o quadro dessas relações é o cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo. Afirma que a Igreja não quer conflitos com os governos, "sejam eles quais forem", mas sublinha que a não conflitualidade não corresponde a uma identificação com os critérios governamentais. A criação de conflitos não corresponde à "maneira de a Igreja estar em diálogo com a sociedade", pois tem a obrigação de "dialogar respeitosamente, para bem da sociedade, com todos os governos legitimamente empossados".
Quanto às questões "fracturantes", o que está em apreço é se elas são ou não problemas antropológicos e de civilização. Veja-se, nessa linha, o casamento entre pessoas do mesmo século. A Igreja reage por razões antropológicas.