A segunda assembleia especial para África do Sínodo dos Bispos, que se inicia hoje, em Roma, é uma oportunidade para um continente que tem sido "muito sacudido por conflitos", considera D. Gabriel Mbiling, arcebispo angolano do Lubango.
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Numa entrevista conjunta Ecclesia/Acção Missionária, considera que a Igreja só será ouvida se levar uma mensagem de reconciliação e de justiça, para garantir uma "paz mais duradoura".
O Sínodo realiza-se de hoje até ao próximo dia 24, com o tema "A Igreja em África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz", assumindo-se como uma ocasião para debater a presença, a estrutura e os desafios do catolicismo naquele continente.
Quinze anos depois do primeiro Sínodo africano, muito mudou, incluindo um aumento significativo no número de católicos, que passou de 102 milhões (1994) para cerca de 165 milhões de pessoas em 2007. O primeiro Sínodo africano abordou questões relacionadas com a missão evangelizadora, em vista do jubileu de 2000. A segunda reunião dos episcopados católicos de África aborda diversos aspectos dos desafios centrais, não só à luz das problemáticas actuais em África, mas também com os seus aspectos positivos.
Entre as dificuldades evidenciadas, destacam-se o etnocentrismo ou o tribalismo que muitas vezes está por detrás de outros problemas - conflitos, nepotismo e corrupção, impunidade.
D. Damião António Franklin, bispo de Luanda, um dos secretários especiais do Sínodo, considera que a reunião magna será um momento fundamental para uma "caminhada em conjunto" de todas as forças vivas da Igreja, a nível local e a nível universal. Admite que "África é o continente mais vulnerável" do ponto de vista institucional, com muitos conflitos militares, pelo que a Igreja "quer capacitar os próprios africanos" para resolver esses conflitos e os "problemas de desenvolvimento".
O bispo de Bissau, D. José Camnaté, diz que vai levar ao Sínodo uma mensagem de esperança e "dizer que o povo da Guiné-Bissau sempre contou com o apoio da comunidade internacional e também da Igreja Católica, e tem dado a sua modesta contribuição para resolver os seus problemas", afirmou à Lusa.
As propostas sinodais poderão contribuir para despertar África para o seu desenvolvimento integral e solidário, com relevo para o papel da Igreja Católica.