Apaixonada pela natureza, foi numa caminhada pela serra do Marão, em Vila Real, que Joana Barbosa percebeu que tinha de fazer alguma coisa para preservar o sítio onde nasceu. Preocupada com "as poucas respostas para este problema em áreas remotas" criou, em 2021, o projeto "Wild Sierra" para limpar serras, plantar árvores e proteger os recursos naturais.
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"Cresci na Campeã, que fica no sopé da serra do Marão. Sempre fiz vários trilhos e, no início da pandemia, passei mais tempo cá e vi muito lixo", diz a emigrante em Zurique, Suíça.
Após caminhadas em que se deparou com "quilómetros de lixo", Joana Barbosa, 33 anos, chamou as amigas para apanharem os resíduos, mas rapidamente percebeu que não eram suficientes. "
Vimos que não conseguíamos sozinhas e começamos a divulgar nas redes sociais. Fiquei muito surpreendida porque rapidamente se juntou muita gente a nós", conta. Dos 40 voluntários que apareceram para limpar o Marão, vieram também pessoas das Caldas da Rainha, Póvoa de Varzim e Porto.
m vez de deixarem estes equipamentos em sítios próprios, dão-se ao trabalho de subir a serra para deixarem lá
Nas várias ações de limpeza, encontraram "um pouco de tudo". "Eletrodomésticos, frigoríficos, sofás, pneus e restos de obras, como cimento, pedras e tubos. No Marão, havia muita esponja de isolamento espalhada ao longo de quilómetros e quilómetros", exemplifica. "Em vez de deixarem estes equipamentos em sítios próprios, dão-se ao trabalho de subir a serra para deixarem lá", lamenta.
Na primeira recolha, conta, que o grupo não conseguiu andar mais de um quilómetro porque encheram rapidamente os 50 sacos que levavam. "Não tínhamos transporte para mais, nem noção que havia tanto lixo", revela.
á plantámos pinheiros na serra do Marão e estamos a planear reflorestar a zona do Alvão, fustigada pelos incêndios
Nas vezes seguintes, com "apanhadores de lixo e sacos mais resistentes", encheram três carrinhas com 200 sacos. Para ajudar a comprar os materiais de limpeza, Joana criou uma marca de roupa sustentável, única fonte de financiamento do projeto.
"Contactamos artistas, como Fátima Bravo e Kati Berinkey, que nos doaram ilustrações que estampamos nas nossas t-shirts".
Além da limpeza das serras e trilhos pedestres, plantam árvores autóctones, algumas cedidas por empresas. "Já plantámos pinheiros na serra do Marão e estamos a planear reflorestar a zona do Alvão, fustigada pelos incêndios", conta a gerontóloga num serviço de psiquiatria em Zurique, que continua a vir a Portugal com frequência limpar a terra onde cresceu.