Os nadadores -salvadores vão usar insufladores manuais na reanimação de vítimas por afogamento nas praias, evitando a respiração boca a boca que acarreta o risco da transmissão de covid-19.
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Sem normas internacionais para o salvamento aquático definidas até à data e tendo em conta que o manual de boas práticas nas praias preparado pela Comissão Técnica de Acompanhamento relativa à gestão das águas balneares tem data expectável de conclusão para esta quarta-feira, a conduta do nadador-salvador perante vítimas de afogamento inconscientes será semelhante à de socorristas do INEM perante casos suspeitos de covid-19.
Após trazer a vítima para terra, o nadador-salvador não deve averiguar se esta respira encostando a cara à sua face, optando pela verificação do pulso. Na reanimação, deve colocar uma máscara na vítima para evitar a propagação de ar enquanto realiza compressões no peito. Depois, na companhia de outro nadador-salvador, devem utilizar um insuflador manual com filtro. Um sela a máscara na face da vítima e o outro aperta o insuflador.
Estas recomendações constam de um documento que a Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores (FEPONS) enviou à International Life Saving no trabalho de preparação das regras internacionais de salvamento aquático em tempo de pandemia, mostrando o que é feito em Portugal. As diretrizes internacionais devem ser conhecidas no final desta semana.
Praias "fora de jogo"
Ao JN, Fernando Tadeira, presidente da FEPONS, considera que a publicação do manual português sem indicações internacionais para atuação do nadador-salvador é "precoce e extemporâneo". "As normas que existem hoje dizem respeito ao socorro realizado pelo INEM ou bombeiros, em que pode haver forma de identificar um doente suspeito de covid-19 antes do socorro, mas não se adequam à realidade das praias, onde o socorro é imediato", acrescenta. Assim, todas as vítimas de afogamento serão tidas em conta como potenciais infetados.
O JN questionou a Agência Portuguesa do Ambiente sobre se vai aguardar pelas indicações internacionais de forma as incluir no manual de boas práticas sobre a atuação do nadador-salvador, ou se já tem definidas as mesmas, mas o organismo recusou fazer comentários. No mesmo sentido, não avançou informações relativas à data de conclusão do manual de boas práticas, que estava previsto para hoje.