O velho aterro sanitário da Lipor, no Grande Porto, transformou-se num Parque Aventura e ganhou ainda um trilho de quatro quilómetros. Depois de anos a fio marcados pela imagem negativa do lugar, hoje não falta quem por ali caminhe para desfrutar de um enorme jardim com vista para as cidades
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Antes era uma grande lixeira, agora é um enorme jardim. É desta forma que muitos se referem, hoje, à transformação do antigo aterro sanitário da Lipor, que fica nas instalações da empresa, em Baguim do Monte, Gondomar, e Ermesinde, Valongo. Na memória, ainda estão a imagem e o intenso odor do antigo aterro, mas tudo está mudado. Para melhor. E. desde que foram inaugurados, o Parque Aventura e o Trilho Ecológico da Lipor, por lá passam centenas de pessoas. Muitos são funcionários da empresa, que aproveitam a pausa do almoço para caminhar naquele que é agora um imenso espaço verde.
Da selagem do antigo aterro, surgiu, em 2009, o Parque Aventura. Uma área de 19 hectares que conta com vários equipamentos e que se destina à promoção da atividade física. Hoje, os visitantes nem se apercebem dos milhares de toneladas de resíduos que ali estão escondidos, debaixo de um verde que, mesmo nos dias mais frios, convida a um passeio.
Com a inauguração do parque, cada vez mais pessoas ficaram a conhecer os terrenos da Lipor e, em setembro de 2017, a abertura do Trilho Ecológico fez daquele um lugar ainda mais procurado pelos amantes de exercício físico.
Às vezes, até encontramos algumas espécies animais que nunca tínhamos visto aqui
Sílvia Costa, de 50 anos, e Magda Carvalho, de 44, são amigas e vivem em Ermesinde. Depois de, "logo no primeiro dia" terem percorrido o trilho, passaram a fazer das caminhadas na Lipor uma rotina diária. Em comum, têm o gosto pelo exercício e, por isso, já há muito costumam "caminhar pelas ruas de Ermesinde". Mas, garantem que andar a pé "no meio da confusão" não se compara com "a tranquilidade" do trilho. Um espaço onde, numa extensão de quatro quilómetros, caminhar significa, também, descobrir algumas das muitas espécies que ali se encontram.
"Acompanhamos o desenvolvimento da vegetação e, às vezes, até encontramos algumas espécies animais que nunca tínhamos visto aqui", conta Sílvia, acrescentando que já viu, por exemplo, uma garça real. Como é uma área muito grande, as amigas garantem que nunca caminham sozinhas. E Sílvia diz mesmo que "as análises mostram que o trilho faz bem à saúde". Por isso, as duas fazem normalmente "a volta completa".
Areolino Gama, de 55 anos, trabalha na Lipor há mais de 20. E lembra-se "muito bem" do mau cheiro do antigo aterro, que chegava a incomodar até os moradores dos concelhos vizinhos. "Antes, quando chegava a casa tinha de trocar de roupa na garagem, por causa do cheiro da lixeira, agora passear aqui até faz bem à alma", conta o funcionário, que todos os dias aproveita a hora de almoço para fazer "uma boa parte do trilho, pelo lado de Rio Tinto, que é a parte mais bonita", explica. O truque é "almoçar em meia hora e caminhar outro tanto". Uma rotina de que Areolino já não abdica, nem mesmo ao fim de semana. E o mesmo faz, diariamente, Patrícia Matos, técnica de obras e manutenção da Lipor.
Apeoveitar a hora de almoço
"Aproveito a hora de almoço para caminhar e, como o trilho tem uma extensão tão grande, tento fazer percursos diferentes durante a semana", conta a técnica, que aproveita os tempos livres, também, para levar o filho, Xavier, de três anos, ao Parque Aventura. Para Marília Alves, professora, essa é, aliás, "uma das melhores formas de sensibilizar os mais novos para os problemas ambientais". É que, garante , "há crianças que vão em visita de estudo à Lipor e, como ficam encantadas com o espaço, chegam a casa e dizem aos pais que têm de fazer a reciclagem".
