O 26.º Congresso do CDS-PP termina, este domingo, com a eleição dos novos órgãos nacionais do partido, depois de a moção de Assunção Cristas ter sido aprovada já de madrugada com 877 votos.
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A nova presidente do CDS-PP, que sucede a Paulo Portas, fará hoje o discurso de encerramento do Congresso de Gondomar, depois de serem anunciados os resultados da votação para as estruturas nacionais do partido.
Assunção Cristas irá ter quatro vice-presidentes (em vez dos oito da direção de Paulo Portas): Nuno Melo, que se mantém, Adolfo Mesquita Nunes e Cecília Meireles, que sobem de vogais da comissão executiva, além de Nuno Magalhães, que continua na vice-presidência por inerência por ser líder parlamentar.
O novo secretário-geral será Pedro Morais Soares, presidente da Junta de Freguesia Cascais/Estoril (concelho de Cascais), e o porta-voz vai ser João Almeida, até agora vice-presidente, enquanto Diogo Feio vai presidir ao Gabinete de Estudos.
Para número um da lista do Conselho Nacional, Cristas faz regressar à vida partidária o 'histórico' António Lobo Xavier, mantendo Telmo Correia na presidência da Mesa deste órgão e Luís Queiró à frente da Mesa do Congresso.
O deputado e porta-voz do CDS-PP Filipe Lobo D'Ávila vai encabeçar uma lista alternativa à de Assunção Cristas ao Conselho Nacional, o órgão máximo do partido entre congressos, confirmou o próprio à Lusa.
Ana Rita Bessa, deputada responsável pelo pelouro da Educação, e Teresa Anjinho, ex-deputada, irão integrar a Comissão Executiva, o 'núcleo duro' da direção. Para a Comissão Política, Cristas chamou sete personalidades independentes, entre as quais as professoras universitárias Mariana França Gouveia e Raquel Vaz Pinto.
O primeiro dia ficou marcado pela despedida, com lágrimas, do presidente cessante Paulo Portas, que deixou em aberto o que fará no futuro, dizendo que especulações a mais de seis meses ou a dez anos são "atrevimento".
O discurso de despedida não deixou de ter conteúdo político, com críticas ao Governador do Banco de Portugal, comentários sobre as relações de Portugal com Angola, e apelos aos eleitores do CDS para que deixem de ter medo de votar "na sua primeira escolha" por medo de uma vitória da esquerda.
O tema foi retomado por vários congressistas, entre os quais Assunção Cristas, que disse que "caiu em definitivo o mito do voto útil", depois dos resultados das últimas eleições legislativas.
Telmo Correia foi mais longe e disse que o CDS irá disputar eleitorado ao centro e até à esquerda, enquanto Adolfo Mesquita Nunes afirmou que "os votos não têm dono", numa referência ao anterior parceiro de coligação, o PSD, cujo líder, Pedro Passos Coelho, estará hoje no encerramento do congresso.
O debate entre um CDS pragmático e outro mais doutrinário foi outra tónica do primeiro dia do Congresso de Gondomar, com Assunção Cristas a defender que o partido tem de responder aos problemas concretos das pessoas, sendo secundada nesta abordagem por Diogo Feio, João Almeida e Mesquita Nunes.
Noutro sentido, Filipe Lobo d' Ávila pediu um partido definido, que não se dilua nos seus aliados, e o antigo líder José Ribeiro e Castro defendeu a matriz democrata-cristã, considerando que foi este debate, no passado, que levou o CDS a ser o 'partido do táxi'.
Já Lobo Xavier pediu a Cristas que não se deixe influenciar por nada e Nuno Melo, que se retirou da corrida à liderança do CDS-PP, teve uma das intervenções mais aplaudidas do Congresso, no qual prometeu apoio total a Assunção Cristas.
Cristas falou três vezes ao Congresso no primeiro dia, e numa intervenção à hora dos telejornais, fez um retrato pessoal, no qual justificou a sua candidatura com a sua experiência familiar, profissional, condição de mulher e mãe e até com a sua fé católica.