Em Portugal, foram identificado mais de sete mil ninhos da gaivota de audouin, três vezes mais do que no início do projeto Life Ilhas Barreira em 2019. Estas gaivotas continuam a comer, sobretudo, peixe.
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A gaivota-de-audouin, uma das espécies ameaçadas a nível mundial, tem a maior população do mundo na Ria Formosa. Os especialistas do projeto LIFE Ilhas Barreira contabilizaram mais de sete mil ninhos das espécie, valor três vezes superior ao do início do projeto em 2019.
Esta ave, que se distingue pelo bico vermelho e as patas cinzentas, continua a alimentar-se sobretudo de peixe, ao contrário de outras espécies de gaivotas, aproveitando as rejeições das pescas e, raramente, consome resíduos em lixeiras ou outros tipos de desperdícios humanos.
Em todo o mundo, esta espécie reproduz-se apenas num pequeno número de colónias, o que a deixa especialmente vulnerável a ameaças como os predadores terrestres e a perturbação humana.
Já em Portugal através do projeto LIFE Ilhas Barreira, as ameaças são minimizadas na principal colónia de reprodução da espécie na Ilha Deserta/Barreta, o que resulta no aumento anual da população reprodutora de gaivota-de-audouin da Ria Formosa. A contagem é realizada no âmbito do projeto e coordenada pelo Instituto de Conservação de Natureza e Florestas e pelo MARE/Universidade de Coimbra, com ajuda da SPEA.
Expandir zona de proteção para o mar
E desde 2022, a espécie expandiu-se para a vizinha Ilha da Culatra, onde também tem aumentado.
“O facto de termos a maior colónia do mundo, quando a gaivota-de-audouin está a desaparecer de outros locais, mostra a importância da conservação da Natureza e traz-nos, também, responsabilidade acrescida”, diz Joana Andrade, coordenadora do projeto LIFE Ilhas Barreira e do departamento de conservação marinha da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).
A especialista salienta que “a nova colónia de gaivota-de-audouin na Culatra dá mais segurança para o futuro. Estas ilhas são ecossistemas frágeis: é vital proteger áreas potenciais, mesmo que as aves ainda não as utilizem devido à fragilidade dos ecossistemas insulares. Ao salvaguardar estas áreas, garantimos que a espécie tenha locais alternativos para nidificar em caso de perturbações ou mudanças ambientais”.
De forma a salvaguardar a gaivota-de-audouin, os especialistas alertam que será importante “atualizar o plano internacional para a proteção da espécie, e, dada a importância da população portuguesa, criar um plano nacional para protegê-la, não só em terra, mas também no mar”, propondo a expansão da Zona de Proteção Especial da Ria Formosa para o mar, de modo a garantir a proteção das zonas de alimentação desta e de outras aves marinhas.
O LIFE Ilhas Barreira é coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e tem como parceiros a Animaris, o RIAS/Aldeia, o ICNF, o CCMAR/UAlg, o CIMA/UAlg e o Ecotop-MARE/Universidade de Coimbra.