Rio acusa PS de ser "antirreformista" e diz que Costa vai adotar "política de austeridade"
Coube a Rui Rio fechar o 27.º Congresso da JSD e aproveitou o momento para incentivar os jovens a perseguir as reformas estruturais. O ainda líder do PSD acusou o PS de ser "antirreformista" e garantiu que António Costa "vai adotar uma política de austeridade". Alexandre Poço, presidente JSD desde 2020, foi reeleito. O evento decorreu entre esta sexta-feira e domingo no Ginásio Clube do Sul, em Almada.
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As portas do ginásio onde decorreu o Congresso abriram por volta das 12.30 horas e os militantes foram aquecendo o lugar para ouvir Rui Rio, naquela que foi a sua última participação num congresso da JSD enquanto líder do partido.
Mais de meia hora depois da hora prevista, Rui Rio entrou, acompanhado do líder parlamentar do PSD, Mota Pinto, e foi recebido de pé, com palmas, pelos militantes que o aguardavam.
Em frente a uma plateia jovem, Rio recordou o momento em que tomou posse no conselho nacional da JSD, a 1 de Dezembro de 1980 - três dias antes de Sá Carneiro falecer - e incentivou os jovens a escrutinar mais o endividamento do país. "Quem vai pagar esse endividamento são vocês", disse.
Apontando as baterias ao PS, o social-democrata sublinhou que "Costa já mandou às malvas as promessas que fez na campanha eleitoral e já disse que os salários não vão acompanhar a inflação".
Rui Rio considera que o PS não tem vontade de fazer as reformas necessárias e é preciso "coragem" para as fazer. Da Justíça à reforma dos serviços públicos e à descentralização, o líder do PSD incentivou os jovens a lutarem por essas reformas. "Se isso não for feito, os principais prejudicados são, obviamente, vocês", afirmou.
Balanço das legislativas
Em tom de reflexão, que considera necessária devido aos resultados obtidos nas eleições legislativas, Rui Rio elencou três razões para explicar o resultado do seu partido: o forte crescimento à direita do PSD; a "razia" da extrema-esquerda; e um grande crescimento do PS. É, por estes fatores, que deve "começar" a análise do PSD. O voto útil "determinou a maioria absoluta" do PS.
Apesar do resultado, que reconheceu não ser positivo, o líder do PSD sustentou que o partido não pode desvirtuar-se dos seus princípios e afirmou que está longe da Iniciativa Liberal e ainda mais longe do Chega. "O PSD é social-democrata, deve continuar a ser social-democrata".
"A transformação vai ter de começar por nós", ouviu-se no pavilhão, depois de Rui Rio ter feito um discurso em que, também, refletiu sobre o posicionamento do partido, embora focando-se mais na oposição ao PS e nas reformas que considera que o país precisa, instando os jovens a pressionar os mais velhos
Para fechar o congresso, o reeleito Alexandre Poço subiu ao palanque e também instou os jovens a lutar pela mudança. "Temos de ir a jogo", frisou.
Virado para a reflexão interna e a reforma do PSD - abrindo o debate a um novo modelo de eleições diretas -, a mensagem do grande ecrã montado no palco era esclarecedora: "Começar por nós", lia-se. Uma frase alinhada com a moção apresentada pelo líder reeleito: Alexandre Poço quer posicionar a JSD na "Linha da Frente" para a reforma interna do PSD.
O objetivo é deixar os "formatos do passado", lê-se na moção do social-democrata. O congresso pretendeu ser o tiro de partida para essa caminhada. Inovou na mensagem e na própria organização. Durante o evento, vendeu-se merchandising do partido, como meias laranjas em que se lia "JSD". Um movimento iniciado pelo próprio líder, que, nas últimas eleições autárquicas, enquanto candidato à Câmara de Oeiras, foi a figura principal de um cartaz em que pousava com meias laranjas.