Rio critica Ministério Público: "Dá a ideia de que não há nada a fazer contra a corrupção"
O antigo líder do PSD mostra-se novamente muito crítico da atuação da Procuradoria-geral da República. "Não diz nada, não explica nada, e nada acontece", disse sobre Lucília Gago. Desafia ainda os partidos políticos a debater a sério o tema da Justiça.
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Rui Rio criticou, em declarações ao JN, as ações judiciais que decorreram na Madeira e que culminaram esta semana com a libertação dos três arguidos, depois de estarem 21 dias detidos. Rio desaprova o silêncio dos partidos sobre a incapacidade da justiça e critica a atuação e o silêncio do Procuradoria-Geral da República na luta contra a corrupção. "Não diz nada, não explica nada, e nada acontece", disse, sobre Lucília Gago.
A maior crítica do antigo líder do PSD foi direcionada ao Ministério Público (MP), alvo de várias reprimendas por parte do ex-presidente da Câmara do Porto, tendo acusado o MP de criar uma crise no país, relativamente à demissão de António Costa por causa da operação Influencer. E agora outro caso na Madeira.
“Com tanta ação do Ministério Público, onde não acontece nada, acaba por dar a ideia que não há nada a fazer contra a corrupção”, aponta Rui Rio, que invoca a necessidade de um MP forte e competente neste combate.
O social-democrata mostrou-se preocupado com o “espetáculo” que está a acontecer em Portugal e com as frases feitas utilizadas pelos partidos políticos para discutir o assunto, desafiando-os a debater a justiça em campanha eleitoral.
Desaprova que os políticos não mostrem urgência em discutir o tema, esperando, por isso, que ”sociedade civil, mais dia menos dia, obrigue isso a quem tem obrigação de o fazer e não faz”.
Rui Rio declarou ao JN que a situação da Madeira “demonstra a profunda crise que a democracia portuguesa atravessa, por via de diversos aspetos, aqui, muito notoriamente, por via de uma incapacidade da Justiça”.
Em entrevista ao JN, em dezembro do ano passado, Rui Rio pediu a demissão da procuradora-geral da República, Lucília Gago, a quem voltou hoje a dirigir críticas pelo seu silêncio após a libertação do arguidos da Madeira. Acusou-a de "não dar explicações a ninguém sobre tema nenhum". "Cai o primeiro-ministro, não diz nada, cai o Governo Regional da Madeira, não diz nada, não explica nada, e nada acontece”, disse Rio, em declarações à RTP3.
Rio partilha há muito tempo as suas opiniões sobre a justiça portuguesa, sendo defensor de uma reforma profunda nessa área.