Pacote de investimentos junta Governo e Câmaras para reconstruir 150 quilómetros de rios com soluções de base natural que travam incêndios, cheias e poluição.
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O Ministério do Ambiente, a Agência Portuguesa do Ambiente e Câmaras Municipais do país têm em curso um grande pacote de investimentos avaliado em 50 milhões de euros que pretende requalificar 150 quilómetros de rios e margens em 64 concelhos do país até ao final de 2023.
O mapa dos investimentos é vasto e abrange territórios de Norte a Sul. Cada obra está desenhada de acordo com as necessidades do respetivo rio, mas o princípio é que sejam aplicadas soluções de base natural como as que já foram utilizadas em ribeiras afetadas pelos incêndios de 2017.
"Aquilo que fizemos agora foi passar das ribeiras para os rios. Aplicando soluções de base natural, queremos fazer das margens dos rios os espaços naturais mais bonitos das vilas e das cidades", adianta João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática, ao JN.
O projeto mais dispendioso, de nove milhões de euros, é o da reabilitação do rio Ave e rio Vizela da nascente até à foz. As margens vão ser consolidadas e serão criados espaços de inundação preferencial, bem como trilhos ecológicos destinados a aproximar a população das áreas de lazer ribeirinho, o que pode ser decisivo para desencorajar episódios de poluição. "Criando espaços de estar junto ao rio, obviamente que o controlo da qualidade da água será muito maior e o pudor do prevaricador também será maior", conclui Matos Fernandes.
Outro curso de água com histórico de poluição é o rio Ferreira, em Paredes, que verá removidos os sedimentos do leito e as tubagens de águas residuais das margens. A obra está avaliada em 1,8 milhões de euros. No Tejo, os afluentes com histórico de poluição, sobretudo na margem direita, também serão intervencionados. No mesmo rio há ainda a obra no Mouchão da Póvoa, em Vila Franca de Xira, que será reparado, numa intervenção de três milhões de euros, que terá parte do troço do dique reconstruído.
Para concluir até final de 2023
No Interior, o rio Fresno de Miranda do Douro também vai ser requalificado, naquele que será "o primeiro compromisso de um pacote de investimentos que vai ser apresentado para as terras de Miranda no próximo sábado", assinala o ministro do Ambiente.
Em Coimbra, a obra de 480 mil euros removerá material existente no rio Mondego ao longo de 20 quilómetros. Em Aveiro, Estarreja e Albergaria será consolidada a margem esquerda do rio Vouga e protegidos os terrenos agrícolas da salinização, num projeto de três milhões de euros. De Santo Tirso a Matosinhos, o projeto de quatro milhões para o rio Leça vai conter espécies invasoras e criar um corredor ecológico nas margens.
Mais a Sul, em Tomar, será modelado o terreno nas margens do rio Nabão para criar um espaço verde por dois milhões de euros. Em Santarém, o ecossistema ribeirinho e a massa de água do rio Alviela serão restaurados por meio milhão de euros para minimizar o efeito das cheias. Em Elvas, serão instalados dispositivos para controlar a propagação do "jacinto-de-água" ao longo de dois quilómetros e meio, por cerca de um milhão de euros.
Todas as requalificações dos rios e margens terão de ficar prontas até ao final de 2023, uma vez que são financiadas pelo programa europeu REACT. O objetivo é que a requalificação melhore o estado da água, minore o efeito de cheias, incêndios e a propagação de espécies invasoras. Ao mesmo tempo, alguns destes cursos serão atrativos turísticos. "Será um bom catálogo para a promoção destes territórios", antevê o ministro.