A presidente do Parlamento Europeu salientou, esta sexta-feira, no Parlamento português, que Portugal é a porta de entrada para uma Europa que "vale a pena". Alertou para o crescimento do populismo e, por isso, a necessidade de "ouvir as pessoas" e os "jovens". Elogiou os portugueses e o país, que "personifica o que significa ser europeu", agradecendo a ajuda que o país continua a demostrar junto do povo ucraniano.
Corpo do artigo
A necessidade de combater o populismo na União Europeia é um dos pontos da sua agenda na visita oficial a Portugal. No parlamento português, Roberta Metsola pediu aos jovens para "que não cedam ao conforto do cinismo fácil, para que não aceitem um recuo silencioso para os extremos e as franjas políticas". A um ano das Eleições Europeias, "é esta a mensagem que quero transmitir às pessoas: a Europa é importante. A vossa voz, a vossa escolha é importante. O voto é importante", realçou.
Para a presidente do Parlamento Europeu, a "Europa não são as instituições, são o seu povo", reconhecendo que não é "perfeita" e a necessidade "de continuar a ouvir as pessoas". "Temos de continuar a convencer, temos de continuar a apresentar resultados. "Temos de ser honestos. Honestos sobre onde falhámos, mas honestos também sobre o que conseguimos", afirmou.
"A Europa vale a pena. Vale a pena o seu tempo, a sua energia, as suas crenças. Vale a pena as frustrações que às vezes causa. Valem a pena os fundos que custa", considerou.
Portugal entrada para a Europa e responsáveis com a Ucrânia
Durante a intervenção no hemiciclo, Roberta Metsola, reconheceu também a resiliência de Portugal, porta de entrada da Europa, para superar os desafios da geografia "melhor do que a maioria dos países".
"A vossa é a nação onde começa a Europa. Da América Latina, da África à Ásia, os vossos laços significam que a Europa é capaz de falar com o mundo" permitindo um entendimento comum que protege o multilateralismo". E lembrou que o Corvo "uma ilha de 17 km quadrados nos Açores está tão longe dos Estados Unidos como de Bruxelas. É a nossa porta de entrada para o globo", afirmou.
Roberta Metsola afirmou ainda a necessidade de aprovar uma legislação europeia "para permitir que ilhas como os Açores e a Madeira, obtenham mais recursos para prosperar". Realçando que "não pode haver na Europa um lugar demasiado longínquo para ser importante. Esse é o nosso desafio comum".
Recordou também a resposta da Europa após a invasão russa à Ucrânia e lembrou o dia que se reuniu com um grupo de mulheres e crianças, em Estrasburgo, que tinham acabado de sair de Kiev. "Perguntei-lhes para onde iam e eles disseram-me para o "Porto" - um lugar do outro lado do continente". "Era um momento de grande emoção, mas mostrou que, mesmo nos piores momentos, continuamos a ser responsáveis", acrescentou.
"As vossas vilas e cidades - incluindo Lisboa - responderam à campanha "Geradores de Esperança" para fornecer eletricidade à Ucrânia. E por isso, por tudo o que fizeram para apoiar os nossos esforços comuns para garantir a sobrevivência da Ucrânia, e por tudo o que ainda há a fazer. Eu agradeço", enalteceu.
Acordo sobre migração e a inteligência artificial
No parlamento português, Roberta Metsola apelou para a urgência "real" de um acordo sobre "uma via para a migração", recordando a tragédia no mediterrâneo, na última terça-feira, onde pelo menos 78 pessoas morreram. A presidente do Parlamento Europeu está convencida que será possível encontrar um acordo "justo e humano com aqueles que precisam de ser protegidos, que seja firme com os que não são elegíveis e que seja forte contra os traficantes que exploram os mais vulneráveis".
A presidente do Parlamento salientou também a importância do acordo aprovado, esta semana, para regular o setor da inteligência artificial. Na sessão plenária, Metsola afirmou que se trata da "legislação mais avançada do mundo em matéria de inteligência artificial".
"Criámos uma lei que nos permite ser líderes mundiais em inovação digital, com base nos valores da UE", referiu. Alertando que no futuro "sempre que a tecnologia avança, tem de andar de mãos dadas com os direitos fundamentais e os valores democráticos".
No início da sessão parlamentar, Augusto Santos Silva defendeu que não há espaço na União Europeia para "supostas democracias iliberais ou simplesmente eleitorais", salientando que a "democracia na Europa ou é de matriz liberal e forte cunho social, ou não é de todo".
Recorde-se que Roberta Metsola está em Portugal para uma visita oficial, onde vai participar, esta tarde, no Conselho de Estado, a convite do Presidente da Républica, Marcelo Rebelo de Sousa. Termina o dia com o presidente do PSD, Luís Montenegro, em Braga, onde espera encontrar muitos jovens do PPE.