O presidente da Câmara Municipal de Viseu diz que "não há nenhum argumento" que justifique que a Agência para o Desenvolvimento e Coesão esteja localizada em Lisboa e faz um "desafio público" ao Governo para que a leve para o Interior, designadamente para Viseu, onde garante que o Estado tem vários edifícios disponíveis para a poder instalar. Seria um "sinal" do seu compromisso e empenho na descentralização, alega.
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"Toda a gente fala em descentralização. Não há ninguém que não a defenda, só que ela não acontece, mesmo quando há boas razões para tal", disse o autarca ao JN, apontando o caso da Agência para o Desenvolvimento e Coesão (ADC), criada em 2014, com o objetivo de favorecer a coordenação da Política Estrutural e de Desenvolvimento Regional, cofinanciada pelos fundos europeus. No entender do autarca, "nada justifica que este organismo público esteja localizado na Avenida de 5 de Outubro, em Lisboa", quando, em Viseu, há instalações do Banco de Portugal e do antigo Governo Civil que podiam acolher os seus funcionários.
Segundo Fernando Ruas, a transferência dos 213 funcionários que trabalham nesta agência (dados de 2019) e das suas famílias para Viseu seria uma forma de "contribuir para a injeção de alguma população nova no Interior do país. E deviam vir bem dispostos, porque vinham viver para a melhor cidade do país", graceja o presidente.
"Não vamos ter êxito"
Apesar de lançar o desafio ao Estado para que "dê o exemplo" e mostre que está empenhado no processo de desenvolvimento do país e de combate às assimetrias regionais, o antigo presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) duvida que ele se concretize. "Sei que não vamos ter êxito", diz, lembrando a promessa não cumprida de transferir a sede da Agência Nacional do Medicamento (Infarmed) para o Porto ou a proposta do PSD (que o PS ajudou a chumbar no Parlamento) de levar para Coimbra o Tribunal Constitucional.
Confrontado com o facto de o Porto ter decidido sair da ANMP (e de haver outros municípios a equacionar fazer o mesmo), em protesto com o processo de descentralização, Ruas vê a tomada de posição com "tristeza e preocupação. Não consigo imaginar a destruição da ANMP", frisa, classificando-as como opções limite. Sobre a proposta para a realização de um congresso extraordinário, admite que possa ser "uma saída", ainda que "extremada"