Rui Rio, ex-presidente do PSD, é o mandatário nacional da candidatura de Henrique Gouveia e Melo a presidente da República. O antigo presidente da Câmara do Porto foi apresentado esta tarde na Alfândega do Porto e disse que falta "coragem e competência" na política portuguesa.
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Rui Rio foi a surpresa da apresentação da candidatura de Henrique Gouveia e Melo à Presidência da República, esta tarde, no Porto.
Num longo e corrosivo discurso para o regime, Rui Rio começou por admitir que não queria regressar aos palcos políticos tão cedo. Enumerou, por isso, várias razões para ter aceitado o convite de Henrique Gouveia e Melo, da "instável conjuntura externa até à complexa situação económico-social", passando pela "degradação da democracia" e pelos "condicionalismos que têm afetado o nosso desenvolvimento".
O ex-líder do PSD criticou "a cultura política virada para o marketing e para o curto prazo", bem como a falta de "sentido de responsabilidade para reformar aquilo que tem de ser reformado". Com o "germinar de alguma desilusão que se tem apoderado de muitos portugueses", Rui Rio afirmou que "um democrata não pode manter-se passivo com esta evolução e muito menos se pode conformar com esta realidade".
Criticou ainda "o populismo que degrada a democracia", a "crise de valores" existente na sociedade política e o centralismo do país: "Ter quase tudo concentrado no Litoral, sobretudo na sua capital, deixando o restante Interior à míngua, é sociologicamente injusto e irracional".
Por fim, passou ao elogio de Gouveia e Melo, um homem com "visão correta, capacidade necessária e a determinação para continuar a servir Portugal". Em defesa de um presidente da República "que não se perca no comentário avulso e estrutural".
Mesmo a terminar, citou Francisco Sá Carneiro ("o que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sobre que pretexto for") e Mário Soares ("só é vencido quem desiste de lutar").
Antes de Rui Rio foi apresentado o mandatário da candidatura de Gouveia e Melo no Norte, o advogado de Guimarães Carlos Caneja Amorim.
Meio milhar de apoiantes na Alfândega
Antes, enquanto se esperava que as portas abrissem, Gouveia e Melo foi cumprimentar, um a um, todos os seus apoiantes. Em 15 minutos de cumprimentos, esteve sempre ladeado por Mário Ferreira, patrão da Média Capital, dona da TVI/CNN Portugal, e por Catarina Santos Cunha, presidente da associação Honrar Portugal, que é vereadora independente na Câmara do Porto.
Bem perto também estava, sorridente, Licínio Pina, que há dias deixou o cargo de CEO do Crédito Agrícola, onde esteve durante 12 anos. A saída não esteve isenta de polémica, pois vai para o Conselho Superior, o órgão consultivo da instituição, ganhar 9500 euros por mês.
Ao evento na Alfândega, que teve ainda direito a jantar, acorreram cerca de 500 pessoas. A participação tinha o custo mínimo de 25 euros, funcionando também como angariação de donativos para a campanha.