Rui Tavares acusa Chega de fazer do parlamento um lugar de "má fama e reputação"
O porta-voz do Livre acusou esta terça-feira o Chega de intencionalmente fazer do parlamento um lugar de “má fama e má reputação”, salientando que o fim das democracias começa, muitas vezes, “pelo rebaixamento” do lugar do parlamentarismo.
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“Nós vemos que há, nomeadamente, uma força política de extrema-direita ocupada - não é por acaso e não é uma coincidência - em rebaixar o lugar do parlamentarismo na nossa política”, afirmou Rui Tavares no final de uma visita à companhia de teatro "O Bando" em Palmela, no distrito de Setúbal, onde nas últimas eleições o partido elegeu um deputado.
Sem nunca mencionar o nome do Chega, nem do seu líder André Ventura, Rui Tavares referiu que o partido de extrema-direita está a fazer do parlamento um lugar de “má fama e má reputação” ao recorrer aos insultos, ofensas e vozearias, algo que disse ser intencional.
“Até já ouvi dizer que uma vez num jogo de futebol, onde houve um desaguisado com um líder parlamentar da extrema-direita, lhe disseram que não estava no parlamento, quando era suposto ser ao contrário”, contou.
Segundo o dirigente do Livre, o fim das democracias começa, muitas vezes, pelo rebaixamento do lugar do parlamentarismo.
E insistiu: “Esse rebaixamento do parlamento não é por acaso e traz consigo muitas más notícias porque, a partir do momento em que nós perdemos a casa onde é possível, através da palavra, nós entendermos, tornam-se mais fortes os projetos autoritários”.
Continuando com a mira apontada ao Chega, Rui Tavares advertiu que é melhor ter um parlamento onde se decidem as diferenças em conjunto do que uma ditadura onde um decide por todos.
“Porque quando vocês veem aqueles cartazes a falar de 50 anos de corrupção [cartazes do Chega] não tomem esses cartazes por uma ameaça, nem por uma denúncia, mas sim por uma promessa”, atirou.
Rui Tavares aludia aos cartazes do Chega espalhados pelo país que têm as fotografias do primeiro-ministro e candidato do PSD, Luís Montenegro, e de José Sócrates, antigo primeiro-ministro socialista, com a inscrição “50 anos de corrupção. É tempo de dizer Chega”.
Na sua opinião, se a extrema-direita estivesse no poder e pudesse, Portugal tinha 50 anos de corrupção.
“Claro que eles, para já, ainda não podem, mas já tiveram 50 deputados durante um ano e vemos o que é que lá foi aparecendo quando a gente esgravatou um bocadinho”, frisou.
Motivo pelo qual Rui Tavares apontou a necessidade de Portugal ter um parlamentarismo “mais responsável, original e genuíno e onde as soluções se procuram”.
Cultura “dá de comer, dá salários, dá modos de vida"
Durante a visita ao Teatro "O Bando", onde assistiu ao ensaio de uma peça teatral, Rui Tavares lembrou que a Cultura “dá de comer, dá salários, dá modos de vida a muita gente e traz muita gente para regiões do território que poderiam ter dificuldade em encontrar o seu lugar na economia” e, por isso, requer investimento.
Na sua opinião, a Cultura pode fixar gente em zonas rurais através dos empregos que gera. A título de exemplo, apontou o Teatro "O Bando", fundado em 1974, que esteve sedeado em Lisboa e que decidiu transferir-se para Palmela.
“Durante metade da sua vida esteve em Lisboa e já há mais de metade da sua vida que veio para aqui, para uma zona mais rural do distrito de Setúbal, e não tem deixado nunca de ter público, não tem deixado nunca de dar emprego a atores, encenadores ou técnicos de luz”, destacou.
Por outro lado, a Cultura pode, também, tratar de um problema grave nas cidades que é o esvaziamento dos seus centros, sublinhou. E acrescentou: “Políticas urbanas, em conjunto com as políticas culturais, precisam de um investimento mais robusto e trazem um retorno económico com ele”.
Motivo pelo qual o líder do partido quer uma redefinição das políticas da Cultura, o aumento e diversificação do financiamento, que deve atingir 1% do PIB, e o reforço das redes de equipamentos culturais.
