Unidade do Porto atendeu 352 844 pessoas entre janeiro e maio deste ano. Horários alargados e uso flexível dos gabinetes foram apostas. Listas de espera baixaram de 80 mil utentes para os atuais 25 a 30 mil.
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Organização. É a palavra-chave por detrás do feito alcançado pelo Centro Hospitalar Universitário de S. João (CHUSJ), no Porto, que lidera a lista dos hospitais do país com mais consultas (352.844) e primeiras consultas (103.030) entre janeiro e maio. A expectativa é que o número continue a crescer até final do ano, até porque o serviço mantém-se a trabalhar "10% acima da produção habitual" com os mesmos recursos humanos, diz Xavier Barreto, diretor do Centro de Ambulatório.
O Centro Hospitalar de Coimbra está em segundo na lista de consultas totais, com 350 mil, seguindo-se o Centro Hospitalar do Porto (311 mil) e os centros de Lisboa Norte (295 mil), Lisboa Central (294 mil) e Lisboa Ocidental (192 mil). Nas primeiras consultas, a situação é similar: Coimbra (86 mil), Lisboa Central (77 mil), Lisboa Norte (77 mil), CH Porto (71 mil) e Lisboa Ocidental (41 mil).
Além das consultas externas no CHUSJ representarem já cerca de 7%do total nacional, o hospital conseguiu reduzir "drasticamente" as listas de espera, passando dos 80 mil utentes, em 2019, para os atuais 25 a 30 mil. Agora, o doente aguarda, em média, 40 a 50 dias pela consulta.
De acordo com Xavier Barreto, a otimização dos recursos "foi inicialmente pensada como forma de responder ao atraso resultante da paragem em março/abril de 2020 [por conta da pandemia], mas que se mantém até aos dias de hoje". As medidas "resultam essencialmente da otimização das agendas e do alargamento de horário de funcionamento no último ano".
Modelo mais flexível
Aquando da retoma da atividade, no final de abril/início de maio, "foram alteradas as agendas dos médicos - em conjunto com as direções de serviço e com a direção clínica - de forma a prolongar o período de funcionamento do centro ambulatório até mais tarde", salientou, dando nota que agora há "muitas mais consultas até às 20 horas, quando antes acabavam habitualmente por voltas das 18". Além disso, foram igualmente alteradas as agendas, no sentido do CHUSJ ter "mais vagas para serem encaixados mais doentes, principalmente de primeiras consultas".
Para isso foi essencial seguir um modelo "polivalente e mais flexível", que permitisse a máxima eficiência de utilização do espaço. Os gabinetes médicos passaram a ser utilizados "por quem mais precisa deles em função das listas de espera",referiu Xavier Barreto, explicando: "Temos especialidades mais consignadas a um grupo de gabinetes, mas, por exemplo, se houver uma especialidade que não precisa de um gabinete da parte de tarde, ou durante uma semana ou 15 dias por o médico estar de férias, esses gabinetes são ocupados por outras especialidades".
A isto, junta-se uma "monitorização em tempo real do que está a acontecer no serviço", que permite saber, por exemplo, "quantos doentes estão à espera de consulta ou quantos médicos já deviam ter chegado ao gabinete".
Pandemia
Tenda vai ser desmontada
Na próxima segunda-feira, é desmontado o hospital de campanha do INEM, instalado desde 7 de março de 2020 num dos parques de estacionamento do Hospital S. João, no Porto, por causa da pandemia. Em ano e meio, centenas de profissionais e milhares de doentes foram ali atendidos, tendo sido "um modelo eficaz de triagem e primeira resposta, que rapidamente se generalizou no país".
Ferramentas
Mais autonomia
Com a aplicação "My São João", lançada em 2020, o hospital passou a enviar de forma mais célere as convocatórias aos doentes. Permite também que os utentes efetivem as suas consultas de uma forma autónoma, recebendo a sua senha sem terem de ir a um balcão.
Controle em tempo real
Está a ser testado um painel que permite controlar em tempo real o que está a acontecer no centro de ambulatório, como doentes que estão à espera de chamada para consulta ou atrasos na chamada para o consultório.
Relatório mensal
É enviado aos médicos um relatório mensal relativo à sua atividade (consultas realizadas, tempo de resposta e percentagem de receitas em papel).