Nos últimos quatro anos, o número de candidatos ao Ensino Superior tem vindo a descer. Mas diferentes governos têm apontado um ajustamento entre a procura dos alunos e a oferta das instituições, visível nas altas taxas de colocação. Este ano não é exceção: 49.963 estudantes foram colocados na primeira fase do concurso.
Corpo do artigo
Consulte aqui a lista dos resultados de acesso à 1.ª fase do Ensino Superior
A taxa de colocação subiu aos quase 86%. No entanto, há que destacar a diminuição de 41% de estudantes carenciados colocados na primeira fase.
Dos 58 301 candidatos à primeira fase do Ensino Superior, 49 963 ficaram colocados na primeira fase, o que representa uma taxa de colocação de 85,7%, acima dos 84% registados em 2023. Um crescimento de quase “dois pontos percentuais”, destaca o Ministério da Educação, Ciência e Inovação em comunicado. Os números, refere o Governo da Aliança Democrática, na mesma nota, demonstram “um crescente ajustamento entre a procura dos estudantes e a oferta das instituições”. Algo que tinha sido defendido também pelo anterior Executivo, liderado pelo socialista António Costa, quando foram conhecidos os resultados do ano passado.
Mais de metade dos alunos (56%), à semelhança de 2023, entraram na primeira opção e quase 88% entraram numa das três primeiras escolhas. Os cursos de Direito, Enfermagem e Medicina são os que reuniram o maior número de colocados, nomeadamente em instituições de Lisboa, Porto e Coimbra. São também estes os estabelecimentos a disponibilizar o maior número de vagas na primeira fase.
“Padrão regional”
Como se verá nas páginas seguintes deste suplemento, houve uma queda, ainda que residual, no número de colocados em instituições localizadas em regiões de menor procura e menor pressão demográfica, o que reforça a dicotomia litoral/interior. O presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) atenta, ao JN, que “muitos dos candidatos a essas instituições não se candidatam aos grandes centros urbanos”. “Logo, se essas instituições não existissem, haveria provavelmente um número significativo de candidatos que não acederia ao Ensino Superior”, diz Paulo Jorge Ferreira.
Para a segunda fase de acesso ao Superior, cujas candidaturas abrem amanhã, sobram 4996 vagas. A maioria dos lugares por preencher está em institutos politécnicos localizados no Interior do país, em cidades como Bragança, Castelo Branco, Santarém e Guarda.
O também reitor da Universidade de Aveiro detalha que os candidatos tendem a escolher, nas primeiras opções, instituições da mesma natureza, isto é, só universidades ou só politécnicos. Mas há um “claro padrão regional”, explica Paulo Jorge Ferreira. “As instituições geograficamente próximas tendem a partilhar mais candidatos, o que pode refletir uma preferência dos estudantes por estudar perto do local de residência ou em regiões específicas.”
Na primeira fase deste ano ficaram colocados 1655 beneficiários de escalão A de ação social escolar: 1178 entraram por via de um contingente prioritário, que fixa 2% de vagas para jovens economicamente carenciados. No ano passado, 2810 alunos que recebiam apoios ficaram colocados e 1013 entraram através do contingente prioritário.
Os números apontam para a diminuição de 41% no número de estudantes beneficiários de ação social escolar colocados na primeira fase de 2023/2025, muito embora haja mais gente a entrar fora do contingente geral.