O Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP) admite que "as intervenções cirúrgicas que não coloquem em risco a segurança ou prognóstico" venham a ser adiadas, indica uma deliberação do conselho de administração.
Corpo do artigo
"As intervenções poderão adiar-se, desde que não coloquem em risco a segurança e não impliquem riscos para o prognóstico. As intervenções programadas para este período, que potencialmente impliquem a necessidade de cuidados intensivos pós-cirurgia, necessitam de aval formal do Departamento de Anestesiologia, Cuidados Intensivos e Emergência", lê-se num documento que tem como título "COVID-19: Reprogramação de atividades".
Quanto à consulta externa, o conselho de administração do CHUP aponta que "deverá privilegiar-se a consulta sem a presença do utente", tendo determinado que "os telefones dos consultórios têm acesso direto a todas as redes, permitindo o contacto telefónico antecipado".
Quanto às prescrições de medicamentos para farmácia de oficina, estas poderão ser enviadas por mensagem, por correio ou por 'e-mail' e a entrega "poderá incluir a entrega domiciliária".
11921690
"As primeiras consultas também poderão ser adiadas, tendo em conta a informação disponível e o superior interesse do doente. Em todos os períodos e horários de consulta de cada uma das especialidades, deverá estar presente um médico para atender acessos ditados por agravamento do estado de saúde ou quaisquer imprevisibilidades. Os lembretes de convocatórias enviados por mensagem, potencialmente confundidores, foram cancelados", acrescenta a deliberação.
O CHUP também admite que "os internamentos programados e os tratamentos em ambulatório -- cinesioterapia, por exemplo -- poderão ser adiados, dentro dos mesmos princípios de proporcionalidade e garantias para a saúde dos doentes".
Paralelamente os programas de rastreios foram suspensos, enquanto, refere a diretiva do CHUP, "os exames complementares e terapêuticas poderão ser remarcados nas situações em que tal seja clinicamente possível".
"São inadiáveis os rastreios ou os exames irrepetíveis ou que impliquem intervenções penosas ou com risco", decidiu este centro hospitalar que exemplifica com o teste do pezinho e a amniocentese.
Nesta mesma diretiva, o CHUP refere que a resposta "tem sido progressivamente mais complexa e exigente" e dá conta de que "há alguns profissionais em quarentena, na sequência de exposição fora do hospital", razão pela qual alerta que "as aglomerações de pessoas e os receios que podem gerar comportamentos inapropriados ou decisões erradas" e recorda que "há necessidade de racionalizar o uso de consumíveis e equipamentos".
"O combate à pandemia terá de conciliar-se com a manutenção do acesso aos outros cuidados de saúde, particularmente aos cidadãos com problemas urgentes ou importantes", sublinha a administração do CHUP.
11924306
Já num documento paralelo, os responsáveis deste centro hospitalar pede aos diretores de departamento, serviço e unidades que elaborem, até segunda-feira, um plano de trabalho de presença física rotativa, não obrigatório e avança que, "ao colaborador em teletrabalho será exigida uma declaração, sobre compromisso de honra, onde garanta que, além de estar disponível para trabalhar a partir de casa, irá cumulativamente cumprir as medidas de isolamento social definidas pela DGS [Direção-Geral da Saúde]".
O conselho de administração propõe que esta rotatividade seja de oito dias.
Em causa, nesta segunda deliberação que tem como título "COVID-19: Teletrabalho Serviços Não Clínicos", são considerados os seguintes serviços: Farmacêuticos, Serviço Social, Serviço de Assistência Espiritual, Serviço de Nutrição e Alimentação, Gabinete do Utente, Núcleo Apoio à Criança e Jovens em Risco, Departamento da Qualidade, Departamento de Aprovisionamento e Logística, Serviço de Gestão de Recursos Humanos e Serviços Financeiros, Serviço de Faturação, Serviço de Instalações e Equipamentos, Serviço de Sistemas de Informação, Serviço de Informação de Gestão, Gabinete Jurídico, Gabinete de Relações Públicas, Secretaria-Geral, Serviço de Auditoria Interna, Encarregada Proteção de Dados (DPO), Internato Médico, bem como Departamento de Ensino, Formação e Investigação.
O número de casos confirmados em Portugal de infeção pelo novo coronavírus subiu hoje para 112, mais 34 do que os contabilizados na quinta-feira, sendo que 107 estão internados.
Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), dos 1.308 casos suspeitos, 172 aguardam resultado laboratorial. Há ainda 5.674 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.